Alunos protestam contra aumento de 233% em restaurante universitário da UFMS
Refeição na universidade custava R$ 4,50 e, nesta semana, subiu para R$ 15. Protesto reuniu 300 acadêmicos
Com gritos de guerra como "a nossa luta é todo dia, 15 reais é covardia" e "fora Bolsonaro", cerca de 300 acadêmicos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) protestam nesta quarta-feira (30) contra o aumento de 233% no valor da refeição no RU (Restaurante Universitário).
A refeição, que custava até então R$ 4,50, subiu para R$ 15,01 nesta semana, em normativa publicada pela universidade, para alunos que possuem renda per capita acima de 1,5 salário mínimo. "Eles querem enriquecer às custas dos estudantes. Nós não admitiremos, não aceitaremos", diz um dos acadêmicos que usou o microfone para reclamar o aumento.
Com cartazes de revolta, os alunos se reuniram em frente à reitoria da UFMS com um carro de som. Considerando apenas uma refeição por dia, durante os cinco dias úteis da semana, cada acadêmico precisaria desembolsar R$ 300 por mês para comer no RU.
"Um absurdo, cada vez fica mais difícil se manter em uma universidade que é pública. Não estou aqui só por mim, estou por quem mora sozinho e ajuda os pais" disse a estudante de 17 anos, Juliana dos Reis Malaquias, do 1º semestre de licenciatura em História.
Representante estadual do UNE (União Nacional dos Estudantes), Pedro Thiago Falcão, de 18 anos, que curso o 3º semestre de Direito, considera o aumento um abuso. "Nunca fugimos da luta estudantil. Precisamos mostrar que estamos revoltados. Não aceitamos 15 reais. Quinze reais é um restaurante lá fora que tem lucro. Restaurante universitário não tem que ter lucro. A inflação aumentou, mas 15 reais é um absurdo", disse Pedro.
"Eu almoço todos os dias. Muitos estudantes precisam ficar aqui o dia todo, e ficar aqui o dia todo e ainda gastar com alimentação é contraditório, porque você não trabalhar pra pagar a refeição. Precisamos de um meio viável. Espero que a reitoria tenha senso e perceba que precisamos de coisas acessíveis", desabafou Marcela Vitória Deniz, de 21 anos, e estudante do 5º semestre no curso de Artes Visuais.
Para alunos de baixa renda, que possuem o Cadastro Único do Governo Federal, o valor aumentou de R$ 2,50 para R$ 3. De acordo com a UFMS, o perfil desses estudantes representa 83,7% dos acadêmicos de Campo Grande, Aquidauana, Corumbá e Três Lagoas. Segundo a instituição, eles possuem renda per capita de até 1,5 salário mínimo.
O Campo Grande News procurou a assessoria da UFMS por e-mail, mas até o fechamento da reportagem, não recebeu um retorno sobre o protesto e o pedido de negociação que os estudantes solicitam.