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Capital

Alvo da PF, empresário nega ligação com desembargador investigado

Alvos foram "visitados" pela Polícia Federal em ação que apura venda de sentenças em Mato Grosso do Sul

Por Dayene Paz | 24/10/2024 12:31
Fachada do TJMS, um dos alvos da operação da Polícia Federal. (Foto: Henrique Kawaminami)
Fachada do TJMS, um dos alvos da operação da Polícia Federal. (Foto: Henrique Kawaminami)

O empresário Mauro Boer, um dos alvos da Operação Ultima Ratio, deflagrada pela PF (Polícia Federal) nesta quinta-feira (24), negou envolvimento com qualquer crime investigado. Ele afirma que o único vínculo que possa ter sido encontrado é a venda de um imóvel de alto valor para o desembargador aposentado Júlio Roberto Siqueira Cardoso.

Júlio e outros quatro desembargadores do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) são alvos de investigação. Siqueira é aposentado, mas os outros quatro magistrados foram afastados das funções públicas por determinação do STJ (Superior Tribunal de Justiça) em ação que apura corrupção e venda de sentenças. Os alvos colocarão tornozeleira eletrônica.

Na empresa dirigida por Mauro, de equipamentos hospitalares e com sede no Jardim Autonomista, em Campo Grande, a reportagem conversou com o filho do empresário, que fez ligação ao pai. De São Paulo, Mauro atendeu o Campo Grande News por telefone e se disse surpreso ao saber que fazia parte da lista dos alvos da operação.

O empresário afirmou que o único vínculo é pela a venda de um imóvel de alto valor. "Eu não o conheço. A única situação que existe é sobre um imóvel que eu vendi para ele [Júlio Siqueira] em 2018 e por meio de corretor. Não tive contato e só fui conhecer na finalização do negócio. Isso está tudo escriturado. Não vendo para o governo e mais para empresas privadas", disse Mauro.

Segundo a PF, o imóvel negociado em 2018 custou R$ 1.400.000,00. O problema, na avaliação dos investigadores pagamento com recursos de "origem não rastreável, ou seja, que não transitaram em contas bancárias de titularidade do investigado, tanto para aquisição de casa em Campo Grande, quanto na Bahia". Não foi possível esclarecer qual a origem do dinheiro utilizado na aquisição dod imóveis.

A reportagem também foi ao escritório da advogada Renata Gonçalves Pimentel. Ela é filha do desembargador Sideni Soncini Pimentel e citada como alvo da Polícia Federal. Por meio da recepcionista do escritório, Renata se disse surpresa com a operação e que, por enquanto, não prestará qualquer declaração.

Ultima Ratio - A operação cumpre 44 mandados de prisão em Campo Grande (MS), São Paulo (SP), Brasília (DF) e Cuiabá (MT). Os agentes buscam indícios de lavagem de dinheiro e ocultação na investigação que apura corrupção e venda de sentenças dentro do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Os escritórios beneficiados ganhavam causas envolvendo propriedades rurais milionárias.

Os desembargadores da ativa, investigados na operação, foram afastados das funções, conforme determinação do STJ (Superior Tribunal de Justiça). São eles: Marcos José de Brito Rodrigues; Vladimir Abreu; Sérgio Fernandes Martins; Sideni Soncini Pimentel; e Alexandre Aguiar Bastos.

Durante cumprimento de mandados nesta manhã, os policiais apreenderam R$ 2,7 milhões em dinheiro na casa de um dos desembargadores do TJMS, mas o nome do magistrado não foi divulgado.

A investigação é desdobramento da Operação Mineração de Ouro, que teve sua primeira fase deflagrada em junho de 2021 e teve mais duas etapas, culminando no afastamento de três conselheiros do TCE-MS (Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul): Iran Coelho das Neves, Waldir Neves e Ronaldo Chadid. Naquele trabalho, a PF apurou desvio de recursos públicos por meio de fraudes em licitações de obras em MS.

Agora, a operação apura o favorecimento dado a escritórios de advocacias em processos milionários. Há indícios de envolvimento de advogados e filhos de desembargadores do TJMS. Foram identificadas, por exemplo, situações em que o magistrado responsável pela decisão já havia sido sócio do advogado da parte interessada.

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