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Capital

Ao sair da prisão, idoso retorna para casa e volta a colocar lixo no quintal

Ele foi liberado nesta terça-feira após audiência de custódia, mas também não quer tratamento

Mariana Rodrigues | 01/06/2021 17:45
O idoso de 68 anos voltou para casa nesta terça-feira (1), após passar por audiência de custódia. (Foto: Paulo Francis)
O idoso de 68 anos voltou para casa nesta terça-feira (1), após passar por audiência de custódia. (Foto: Paulo Francis)

Idoso de 68 anos, preso após guardar toneladas de lixo voltou para casa no início da tarde desta terça-feira (1º). Apesar de ter passado a noite na prisão, ele aparenta não ter noção da gravidade do que está acontecendo e, inclusive, nega ajuda psicológica. Ao retornar, a primeira coisa que fez foi pegar o lixo que restou na frente do imóvel, que iria ser levado pela empresa contratada, e colocar novamente para dentro do quintal, por cima do muro.

A reportagem tentou falar com ele e entender a situação na qual vive. Apesar de falar muito, ele parece se perder entre os pensamentos. Boa parte do lixo já foi retirada do quintal, em 4 viagens de caminhão. Mas, ainda assim, uma montanha de entulho está entre o portão e a casa dificultando a entrada.

O idoso contou que é eletricista e que a maioria dos materiais recicláveis que tem espalhado por todo o quintal foram adquiridos com os poucos clientes que ele tem. “Mexo com a parte elétrica, com pequenas instalações, sempre sobra uma coisa e outra desses serviços e eu acabo trazendo para casa”, explica, mesmo no local tendo mais do que fios.

Uma boa parte do lixo já foi retirada do local, mas ainda tem muita coisa no quintal para ser levada. (Foto: Paulo Francis)
Uma boa parte do lixo já foi retirada do local, mas ainda tem muita coisa no quintal para ser levada. (Foto: Paulo Francis)

Assim que ele chegou em casa, depois que saiu da delegacia, havia alguns palets e restos de madeiras empilhados na calçada e também caixas de papelão, que foram retirados de dentro da casa e seriam levados pela empresa que está fazendo a limpeza, sua primeira atitude foi colocar novamente esses materiais para dentro do quintal, por cima do muro.

“Eu vendo essas coisas, isso dá dinheiro, levo tudo para um depósito de reciclagem e vendo”, conta. Ele explica que coloca tudo dentro de um carrinho para materiais recicláveis e vende. Mas ao ser questionado sobre o lixo que estava no local, como tampinhas de garrafas, e embalagens ele muda de assunto e volta a falar sobre as vendas de recicláveis e diz que não teve tempo de limpar o terreno pois estava viajando para Terenos onde fez um serviço para um amigo, mas também não soube dizer datas e nem explicar sobre a viagem.

Apesar dele não autorizar a entrada na casa, é possível perceber que vive em total abandono, com o mínimo possível para sobreviver, ele quis contar qual sua renda mensal, não fala como consegue entrar na casa e nem como dorme ou se alimenta. “Se eu contar todas as minhas ex-mulheres vão querer a parte delas (sobre a renda mensal). Isso eu não posso falar”, diz.

Mar de lixo encontrado no quintal da casa na segunda-feira.
Mar de lixo encontrado no quintal da casa na segunda-feira.

Quando o assunto é família, ele só diz que já foi casado, depois volta atrás e fala que ainda é casado, mas moram em casas separadas. Questionado sobre os filhos, ele diz que tem três ou quatro, mas que eles “precisam viver a vida deles, eles já são grandes, tem que aprender a se virar”. Ao ser perguntado se morava sozinho, ele responde: “Moro eu e Deus” e diz que dormirá na casa esta noite.

Em nenhum momento ele diz precisar de ajuda médica e nem psicológica, mesmo sendo uma das condições impostas para sua liberdade, determinada em audiência de custódia. Uma das regras era de procurar o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) mais próximo da sua casa para atendimento, avaliação psicossocial e possível encaminhamento para tratamento psicológico. “Eu não estou doente, quando estou, eu vou ao médico”, garante e inclusive ele nega que tenha recebido essa recomendação.

Conforme informações da assessoria de imprensa da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), em casos como do idoso ele é assistido pela unidade de saúde próxima, recebe acompanhamento da assistência social e, se for o caso, é encaminhado pra tratamento psiquiátrico. Mas, na maioria dos casos, há recusa de tratamento.

O idoso ficou analisando o lixo que já estava fora da casa e começou a colocá-lo de volta para dentro por cima do muro. (Foto: Paulo Francis)
O idoso ficou analisando o lixo que já estava fora da casa e começou a colocá-lo de volta para dentro por cima do muro. (Foto: Paulo Francis)



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