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Capital

Depois de chuvas, Córrego Prosa exibe “cicatrizes” e problemas antigos

Jorge Almoas | 13/01/2011 19:55

A paisagem urbana de Campo Grande é cortada por dois córregos, que juntos, dão vida ao Rio Anhanduí. No córrego Prosa, os efeitos das chuvas dos últimos dias estão visíveis no trecho do leito que começa na frente do Shopping Campo Grande e segue até a Rua Padre João Crippa.

Ao longo de 2010, as avenidas Ceará e Ricardo Brandão foram protagonistas de protestos, reportagens e relatos de moradores por conta da destruição causada pelas chuvas do final de 2009 e fevereiro do ano passado. Agora, depois de entregue a recuperação da região, a vistosa melhoria apresenta pequenos deslizes.

Próximo ao condomínio Cachoeirinha, gabião colocado após estragos de chuva no ano passado já cedeu. (Foto: João Garrigó)
Próximo ao condomínio Cachoeirinha, gabião colocado após estragos de chuva no ano passado já cedeu. (Foto: João Garrigó)

No Parque criado, e nunca inaugurado, na frente do Shopping Campo Grande, a vazão do córrego Prosa levou parte do gabião (estrutura metálica com pedras para ajudar na drenagem do excesso de água) construído.

As pedras, originalmente instaladas no gabião, estão espalhadas pelo leito do córrego e se acumulam logo após a queda no condomínio que leva o nome de Cachoeirinha, um dos mais atingidos pelo transtorno do buraco da Ceará.

Mais a frente, e em diversos pontos da margem do córrego ao longo da Avenida Ricardo Brandão, as obras de contenção da água pluvial consistem na instalação de sacos de areia na parte de baixo, cobertos por placas de grama.

Basta uma chuva mais forte para a areia ceder e a grama desaparecer, caindo nas águas do Prosa. Os sacos de areia que serviriam para diminuir a erosão acabam criando um cenário de descaso, com imensas valas ao longo da margem, exibindo problema, sujeira e descuido.

Em muitos pontos do córrego Prosa, placas de concreto e pedras soltas do gabião de trechos anteriores se acumulam, formando pequenas ilhas de material de construção, lixo e galhos.

Família de capivaras vivem em meio à ilha de lixo e concreto (Foto: João Garrigó)
Família de capivaras vivem em meio à ilha de lixo e concreto (Foto: João Garrigó)
Socó divide espaço com lixo trazido pelo Prosa (Foto: João Garrigó)
Socó divide espaço com lixo trazido pelo Prosa (Foto: João Garrigó)

Aqui e ali, é possível flagrar uma família de capivaras que esqueceu o menor filhote pelo caminho.

Com a força do córrego, auxiliado pela água da chuva dos últimos dias, o pequeno roedor não consegue retornar ao local onde a família está. Sozinho e minúculo diante da imensa quantidade de água, o pequeno animal emite ruídos, como quem pede socorro.

Ainda na Ricardo Brandão, no trecho entre as ruas Francisco Bento e Cícero Corá, a força da água deixou à mostra as raízes de uma árvore. Cercada pelos sacos de areia, a árvore faz parte de um quadro que chama a atenção pela fragilidade.

Percebe-se logo abaixo que a mureta das obras de drenagem da chuva cedeu à força da água. Pendente sobre o córrego, o concreto ameaça formar um pequeno desvio na rota da água que quer chegar ao Anhanduizinho.

Caminhando mais um pouco, é possível observar que a chuva levou parte do terreno da margem na frente de lojas de veículo. Com quase dois metros de altura e 1,5 m de largura, a área é uma armadilha de terra fofa e grama solta.

Um pequeno socó convive com o lixo trazido pelo córrego. Na tristeza do cenário de uma obra que, assim como muitos campo-grandenses, treme ao ouvir os primeiros trovões ou avistar as mais distantes nuvens negras.

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