Após morte de taxista, polícias prometem abordagem ao menor sinal de risco
A partir de hoje, policias Militar, de Trânsito, Rodoviária Estadual e Ambiental farão a abordagem; medida inclui também curso para os motoristas
As abordagens aos motoristas de táxis serão feitas pelas Polícias Militar, de Trânsito, Rodoviária Estadual e Ambiental. O anúncio foi feito pelo comandante da Polícia Militar do Estado, coronel Carlos Alberto David dos Santos, durante reunião com sindicato e associações de taxistas da Capital, após o caso da morte do taxista Manoel Kusman Bondarenco, no último dia 13.
A determinação do comando da Polícia é de que todos os militares que estiverem em rondas e percebam algum risco façam a abordagem. A forma como os policiais vão chegar, o coronel disse que vai depender da demanda da situação.
“Elas ocorrerão de acordo com o local, no período noturno e principalmente quando o policial desconfiar das características do passageiro, mas de forma preservada”, disse.
Durante a reunião ficou decidido também que a Polícia Militar vai realizar cursos e palestras direcionadas aos motoristas e atendentes das cooperativas de Táxi.
“Vamos nos reunir com taxistas para entender e saber locais onde tem maior incidência de casos, são nesses que iremos intensificar”, completou o comandante.
A data para a primeira reunião será marcada para os próximos dias. O local ficou a cargo dos presidentes do Sindicato dos Taxistas e da Associação
dos Taxistas Auxiliares de Campo Grande.
A falta de segurança sentida pelos motoristas voltou à tona depois que o taxista Manoel foi morto com 23 facadas durante um assalto, na saída para Sidrolândia, em Campo Grande, na madrugada do dia 13 de julho.
Em menos de um ano, é a segunda vez que a categoria solicita esse tipo de medida a Policia Militar. A primeira foi feita em agosto do ano passado, após o assassinato do taxista Daniel Manoel Dudu, de 50 anos, no dia 26 de agosto.
Na época, a reivindicação foi atendida pela PM, mas segundo relatos dos motoristas, as abordagens diminuíram até não acontecer mais.
Na manhã de hoje o coronel explicou que as abordagens iniciaram ano passado com toda força, mas que com o passar do tempo com a queda no número de ocorrências, outras prioridades foram vindo à frente.
“Com outras ocorrências, fomos priorizando outras áreas”, disse o coronel. Sobre o relato dos motoristas e da própria associação, de que as abordagens pararam a pedido do sindicato da classe, o comandante respondeu que houve a informação de que ocorria constrangimento por parte dos clientes, mas que isso não interferiu o trabalho.
O comando explicou que as abordagens já foram retomadas logo após o caso da morte do taxista Manoel.
O presidente do Sindicato, João Santana, comentou que saiu satisfeito da reunião. Ele argumentou que apesar do motorista ter a obrigação, como prestador de serviço, de pegar o cliente, cabe a ele a responsabilidade de observar o passageiro e fez um apelo para que clientes não se sintam constrangidos perante a abordagem.
As centrais de táxis anunciaram que farão corridas noturnas apenas prévio cadastro dos clientes. Com nome completo, endereço e telefone de contato.
Ao todo Campo Grande conta com uma frota de 438 táxis.
“Antes não houve engajamento da classe, mas agora vamos marcar as reuniões. Pedimos a compreensão da sociedade e o engajamento dos motoristas”, finalizou João Santana.
Caso - Manoel trabalhava no ponto de táxi da rodoviária, quando por volta da meia-noite do dia 13, recebeu o chamado da central para buscar passageiros na avenida Guaicurus e levá-los até Sidrolândia.
Os supostos passageiros foram presos poucas horas depois, pela Polícia Militar, com ajuda de colegas taxistas do ponto de Manoel. A vítima chegou a acionar o socorro da central, mas os bandidos retiraram o GPS e o contato do carro com a cooperativa.
Os assassinos confessos, Adailton da Mata Souza, 21 anos, conhecido como “Pequeno” e Evandro Silva dos Santos, 23 anos, admitiram que a intenção era de matar o motorista desde que pediram a corrida. O corpo de Manoel foi deixado em uma estrada vicinal na região da MS-060.