Após tomar 2ª dose da vacina, dona Antônia sonha em ver a casa cheia de netos
"Estou esperançosa", diz tataravó de 103 anos depois de tomar segunda dose da vacina na Capital
Aos 103 anos, dona Antônia Cândida da Silva faz careta quando a agulha entra no bracinho, mas a alegria é imensa de agora estar vacinada. Nesta semana a tataravó recebeu a segunda dose da vacina no posto de saúde da Vila Carlota, em Campo Grande. Para sair de casa, se vestiu à altura do evento, um vestidinho midi verde e um turbante preto, que ela chama de touca preferida.
"Agora estou mais esperançosa, muito alegre. Tomei essas vacinas", comemora no vídeo gravado pela nora e também em entrevista feita pessoalmente na varanda de casa. "Vou receber meus netos, bisnetos e tataranetos agora", afirma.
A maior saudade da tataravó era de ver a casa cheia. Só de filhos, ela teve 11, dos quais cinco ainda estão vivos. Entre netos, bisnetos e tataranetos, a família já perdeu as contas. Nascida em fazenda, na região de Camapuã, morou anos em Costa Rica, trabalhou na roça e foi parteira, teve pousada e também pensão. Na Capital, a família está há pelo menos cinco décadas.
Ao puxar a manga da roupa para mostrar o braço, diz que as duas doses foram no direito. "Fiquei feliz, porque estou ajudando, né?", fala sobre "barrar" a doença. Durante a conversa, a gente precisa falar um pouquinho mais alto, mas nada que impeça a matriarca de entender o diálogo.
Na hora de exibir o comprovante da vacinação, a equipe pede um sorriso e ela brinca que se sorri, a cara "sai feia" e logo emenda. "Mas também, depois de tantos anos... São 103, milha filha".
Imunizada, a preocupação de dona Antônia agora está no restante dos familiares. "Fé em Deus que não vai chegar na minha família", pede. "Mas a gente tem que tomar, pra ajudar a acabar com essa doença", reflete.
Antônia tem duas datas de nascimento, a de comemoração mesmo, em janeiro, e de registro, em setembro. "Ela inclusive diz que faz dois aniversários", conta um dos filhos, Neder Matias da Silva. Daqui seis meses, a idosa vai chegar aos 104. Além da idade, dona Antônia já infartou e precisa tomar remédio para a pressão e outro para o coração.
"A gente tem todo esse cuidado com ela por conta da pandemia, mas ela é uma rochinha", descreve o filho Neder.
Conectada às notícias, ela sabia o que estava acontecendo e também que a vacina estava por vir. "Ela fala que está esperançosa, aos 103 anos, vai vendo...", brinca o filho. Para a família, a vida e a comemoração da vacina da tataravó é uma lição, aprendida todos os dias.