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Capital

Após tomar 2ª dose da vacina, dona Antônia sonha em ver a casa cheia de netos

"Estou esperançosa", diz tataravó de 103 anos depois de tomar segunda dose da vacina na Capital

Paula Maciulevicius Brasil | 03/03/2021 07:45


Aos 103 anos, dona Antônia Cândida da Silva faz careta quando a agulha entra no bracinho, mas a alegria é imensa de agora estar vacinada. Nesta semana a tataravó recebeu a segunda dose da vacina no posto de saúde da Vila Carlota, em Campo Grande. Para sair de casa, se vestiu à altura do evento, um vestidinho midi verde e um turbante preto, que ela chama de touca preferida.

"Agora estou mais esperançosa, muito alegre. Tomei essas vacinas", comemora no vídeo gravado pela nora e também em entrevista feita pessoalmente na varanda de casa. "Vou receber meus netos, bisnetos e tataranetos agora", afirma.

Comprovante de vacina é exibido junto de sorriso largo. Dona Antônia quer agora é o abraço de todos os netos, bisnetos e tataranetos. (Foto: Paulo Francis)
Comprovante de vacina é exibido junto de sorriso largo. Dona Antônia quer agora é o abraço de todos os netos, bisnetos e tataranetos. (Foto: Paulo Francis)

A maior saudade da tataravó era de ver a casa cheia. Só de filhos, ela teve 11, dos quais cinco ainda estão vivos. Entre netos, bisnetos e tataranetos, a família já perdeu as contas. Nascida em fazenda, na região de Camapuã, morou anos em Costa Rica, trabalhou na roça e foi parteira, teve pousada e também pensão. Na Capital, a família está há pelo menos cinco décadas.

Ao puxar a manga da roupa para mostrar o braço, diz que as duas doses foram no direito. "Fiquei feliz, porque estou ajudando, né?", fala sobre "barrar" a doença. Durante a conversa, a gente precisa falar um pouquinho mais alto, mas nada que impeça a matriarca de entender o diálogo.

Na hora de exibir o comprovante da vacinação, a equipe pede um sorriso e ela brinca que se sorri, a cara "sai feia" e logo emenda. "Mas também, depois de tantos anos... São 103, milha filha".

Imunizada, a preocupação de dona Antônia agora está no restante dos familiares. "Fé em Deus que não vai chegar na minha família", pede. "Mas a gente tem que tomar, pra ajudar a acabar com essa doença", reflete.

Orgulhosa, dona Antônia exibe o tear que até pouco tempo fazia. (Foto: Paulo Francis)
Orgulhosa, dona Antônia exibe o tear que até pouco tempo fazia. (Foto: Paulo Francis)

Antônia tem duas datas de nascimento, a de comemoração mesmo, em janeiro, e de registro, em setembro. "Ela inclusive diz que faz dois aniversários", conta um dos filhos, Neder Matias da Silva. Daqui seis meses, a idosa vai chegar aos 104. Além da idade, dona Antônia já infartou e precisa tomar remédio para a pressão e outro para o coração.

"A gente tem todo esse cuidado com ela por conta da pandemia, mas ela é uma rochinha", descreve o filho Neder.

Conectada às notícias, ela sabia o que estava acontecendo e também que a vacina estava por vir. "Ela fala que está esperançosa, aos 103 anos, vai vendo...", brinca o filho. Para a família, a vida e a comemoração da vacina da tataravó é uma lição, aprendida todos os dias.

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