Atropelamento de criança de 6 anos expõe insegurança em avenida “sem nome”
Com apenas 11 anos, M. carrega a culpa pelo acidente sofrido pelo irmão de seis anos, atropelado por um caminhão no início da tarde de hoje (2) na Capital. Chorando, diz que o caçula “era um guri atentado”, que sempre o seguia pelas ruas da Vila Eliane e que não deveria ter descuidado nem por um momento.
A criança foi atropelada no cruzamento da Rua Itapiranga com a nova avenida construída no complexo Imbirussu Serradinho. A pista nem inaugurada foi, mas já revela mazelas, como alta velocidade e falta de sinalização horizontal.
Pequeno para a bicicleta do irmão, o menino sabia que tinha de parar, mas não conseguiu frear, invadiu a avenida e bateu na roda de um caminhão basculante.
O irmão mais velho correu para buscar a mãe, que mora a cerca de 500 metros do local. Na avenida, uma aglomeração de crianças e adultos sem saber o que fazer. “Fiquei orando por ele o tempo todo. Tão pequenininho. Era muito sangue. Ele se mexia de vez em quando, mas não tocamos. Esperamos chegar a ambulância”, diz Teresa Amorim, que mora em uma rua próxima ao acidente e ligou para a emergência.
“Ele não deveria ter descuidado o irmão”, repete a avó das crianças, Narcisa Arce, de 44 anos, que cuida da casa enquanto a mãe espera o fim da cirurgia na cabeça do caçula. Sedada, a avó busca razões para o acidente. Carros passando muito rápido, descuido do irmão, fatalidade do destino. Quando ouve o desabafo da avó, o garoto de 11 anos sente o peso da responsabilidade que não é dele.
Duas famílias moram em um antigo escritório empresarial “adaptado” para abrigar duas casas distintas, próximo a diversas distribuidoras de combustíveis e de um frigorífico. A diversão das crianças é atravessar o córrego Serradinho para empinar pipa em uma chácara. Porém, o mato e os pés de fruta foram substituídos por uma avenida de quatro pistas.
É comum cruzar com crianças andando pelo asfalto, em locais – a grande maioria do trajeto - onde a calçada ainda não foi construída.
A cirurgia de M. deve durar seis horas, de acordo com os médicos. Ele deu entrada na Santa Casa em estado gravíssimo com traumatismo craniano. Transtornada, a mãe, Graziele Arce Duarte acompanha o filho.