Bares ou arruaça? Vizinhos reclamam de som alto e empresários de aglomeração
"Nem com o ar-condicionado ligado conseguimos nos livrar da gritaria, das motos e da bagunça", diz morador
Moradores de prédios residenciais na Rua 13 de Junho reclamam do som alto e da aglomeração provocados por bares e frequentadores da região, especialmente durante a madrugada. Dois casos chegaram ao Campo Grande News, e um dos estabelecimentos citados já respondeu por perturbação do sossego em 2023, mas cumpriu acordo e fez isolamento acústico, conforme alega.
RESUMO
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Moradores da Rua 13 de Junho, em Campo Grande, reclamam do som alto e da aglomeração provocados por bares, como o Quebra Torto Terraço e o Treze Bar, e seus frequentadores, especialmente durante a madrugada. A situação perturba o sossego dos moradores, que relatam dificuldades para dormir e até medo de sair de casa. A polícia tem sido acionada, mas sem solução definitiva, pois os bares alegam ter alvará e cumprir as regras. O proprietário do Treze Bar, que já respondeu por perturbação do sossego em 2023, sugere a instalação de grades para conter a aglomeração na rua.
O problema começou em 2022, quando um dos bares foi instalado na via. A professora Ludmyla Ayala, mãe de uma criança autista que precisa de medicação para dormir, conta que tentou dialogar com os responsáveis, mas não houve solução. A família chegou a se mudar, mas retornou no ano passado e a situação continuava.
“Já chamei a polícia várias vezes. Quando eles chegam, o som abaixa, mas assim que vão embora, aumenta de novo. O problema é que o bar tem alvará para funcionar até as 5h. Muitas vezes, nem é música alta, mas sim o barulho da aglomeração. Moro no 10º andar e, mesmo assim, é como se estivessem na minha janela”, lamenta.
Outro morador, que preferiu não se identificar, relatou dificuldades para dormir devido ao barulho constante. “Nem com o ar-condicionado ligado conseguimos nos livrar da gritaria, das motos na contramão e da bagunça. A PM faz batidas, melhora por um dia, mas depois volta tudo de novo. Estamos lidando com crime ambiental e, possivelmente, estabelecimentos funcionando de forma irregular”, denuncia.
Segundo Ludmyla, além do som alto, há brigas, rachas e motociclistas "cortando giro" durante a madrugada. “O bar abre de segunda a segunda, e a gritaria é a noite toda. A gente vê consumo de bebida alcoólica e drogas na rua. Muitos dos frequentadores parecem ser menores de idade”, afirma.
Esse caso foi sugerido por leitor que enviou mensagem pelo canal Direto das Ruas.
Durante o Carnaval, a Polícia Militar foi acionada três vezes, segundo a professora. As visitas da polícia são frequentes, mas sem solução definitiva. “A Polícia Civil, o Choque e a PM já estiveram no local, mas dizem que não podem fazer nada porque o alvará está em dia”, explica.
A professora conta que evita sair de casa por medo da situação e que até deixou de frequentar o Parque Belmar Fidalgo. “Muitas vezes, preciso estacionar longe por receio de quem está ali. Dependendo do horário, não saio de casa à noite porque a rua fica intransitável. Não dá para estacionar, andar ou passear com meus filhos”, reclama.
Bares - Os moradores apontam dois estabelecimentos como principais causadores do problema: o Quebra Torto Terraço e o Treze Bar.
O proprietário do Quebra Torto, Etienne Palhano, de 65 anos, afirmou que o alvará do bar permite funcionamento até as 23h e que cumpre as regras. “Não temos som após esse horário e utilizamos volume permitido”, garantiu. Ele também se colocou à disposição para dialogar com os vizinhos. Nos vídeos enviados à reportagem, o bar aparece funcionando antes das 23h.
O proprietário do Treze Bar, Matheus Lucas Alves do Carmo, de 29 anos, disse que a reclamação dos moradores não se deve ao som do estabelecimento, mas à aglomeração na rua. “Nosso som não vaza, temos acústica e tudo. A reclamação deles é por causa do pessoal que não entra no bar, não consome aqui e fica do lado de fora”, afirmou.
Em 2023, o Treze Bar já havia sido denunciado por perturbação do sossego e firmou um acordo com o Condomínio Edifício Campo Grande para instalar isolamento acústico. Segundo a sentença homologada em setembro daquele ano, até que os ajustes fossem concluídos, o bar deveria operar apenas com som ambiente, sem ser audível no condomínio, sob pena de multa diária de R$ 500.
Na época, a 1ª Vara do Juizado Especial Central homologou o acordo entre as partes e declarou extinta a punibilidade de Matheus Lucas
“A Polícia Militar Ambiental mediu nosso som duas vezes nesta semana e estava tudo dentro do permitido. Além disso, precisamos limpar constantemente o outro lado da rua por causa da aglomeração e do lixo que fica por lá”, lamentou.
O empresário afirmou que já acionou a Polícia Militar para conter a aglomeração, mas sem sucesso. “A polícia diz que, como as pessoas não estão dentro do bar, não há o que fazer. Elas pegam bebidas de mercado, sentam do outro lado da rua e, infelizmente, não conseguimos impedir. Ainda chegam motos fazendo ‘zerinho’ e acordando os vizinhos”, explicou.
Uma das soluções defendidas por Matheus seria a instalação de grades para dificultar o acesso de grupos ao local. “Já fui até a prefeitura para pedir a colocação dessas grades na frente. Isso evitaria que as pessoas sentassem ali e resolveria 100% do problema”, destacou. Ele ainda não teve resposta.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar e aguarda retorno.
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