Casal mantinha casamento de fachada para ter promoções na PM, diz irmão
Um casamento de fachada. É assim que a família do major Valdeni Lopes Nogueira, 47 anos, resume a relação dele com a esposa tenente-coronel Itamara Romero Nogueira, 40 anos. A mulher matou com um tiro no tórax o marido militar que, segundo a família, só se casou com ela para conseguir ser promovido na Polícia Militar.
Conforme o irmão da vítima, Valdeci Alves Nogueira, 49, há 15 anos Valdeni decidiu se casar com Itamara, porque os dois queriam ser promovidos e a Polícia Militar exige uma postura social para ascensão. “Nunca houve casamento de verdade. Eles só precisavam atender os requisitos do perfil social exemplar que a polícia exige e tiveram que manter isso por anos”, disse.
Valdeni, foi subcomandante do 10º BPM (Batalhão de Polícia Militar) de Campo Grande e atualmente era subcomandante do GGI-Fron (Gabinete de Gestão Integrada de Fronteira).
Já Itamara trabalhava como ajudante de ordem do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Antes, ela já foi subcomandante do antigo Ciptran (Companhia Independente de Polícia Militar de Trânsito) e comandante do Corpo de Alunos do CEF (Centro de Ensino e Formação) da PM.
Ainda segundo Valdeci, o major e a tenente coronel nem dormiam juntos, mesmo assim, com o passar do tempo, ela se mostrou possessiva e quando ele quis a separação, houve a primeira ameaça. “Ela disse que ela até poderia se casar novamente, mas ele jamais teria outra esposa”, afirma.
A tenente coronel e a vítima aparentemente eram casados, porém, em sua página no Facebook, Valdeni mantinha o status de "solteiro".
Crime premeditado – “Ela sabia que um tiro seria fatal”, é com essa afirmação que a família do major defende a versão de que o crime foi premeditado pela tenente coronel.
De acordo com o irmão da vítima, por ser profissional da área de segurança, Itamara conhecia a arma e a munição que utilizou para matar Valdeni. “Ela sabia que não precisava de muitos tiros e que com um tiro naquela região do corpo ele iria morrer”, acredita.
Além disso, conforme Valdeci, pela aparência do corpo do major, não há indícios de que ele tenha brigado e dado socos na tenente coronel, como afirma a defesa.
Defesa - O advogado José Roberto Rosa vem afirmando que Itamara foi vítima de violência doméstica, que já ocorria há tempos, e desta vez, agredida com socos e tapas, teria sido ameaçada de morte pelo marido e agiu em legítima defesa.
Segundo o defensor, a discussões seguidas de agressões teriam se intensificado nos últimos meses e, no dia do crime, o motivo da desavença entre o casal seria uma viagem que eles fariam na madruga de quarta-feira (13) para o Nordeste.
“Ele (major) teria desistido de viajar, sem nenhuma razão, e os dois começaram a discutir o que levou ao crime”, disse. Conforme Rosa, a oficial teria sido agredida por repetidas vezes e chegou a ser derrubada no chão.
O advogado ressaltou que o casal vivia, até então, harmoniosamente como marido e mulher, apesar de haver rumores de que os dois tinham relacionamentos extraconjugais. Inclusive, o major ostentava ser solteiro em seu perfil na rede social Facebook e em um aplicativo de relacionamento.
“Não há nada disso. Os dois presavam pela família, até porque eles tem uma filha e viviam bem como marido e mulher. Ela (Itamara) disse que desconfiava de alguma coisa, mas nunca tocou no assunto e isso nunca foi problema pra ela”, disse.
Ainda conforme o defensor, Itamara segue para alojamento da Penitenciária Militar, onde está detida desde ontem (13). Antes, a tenente-coronel ficou internada no Hospital Militar. O defensor deve entrar nesta sexta-feira com um pedido de revogação da prisão e pedir medidas alternativas, em último caso, prisão domiciliar.
O delegado responsável pelo inquérito, Cláudio Zotto, informou que, a partir de amanhã (15), serão ouvidos familiares de Itamara. Os parentes de Valdeni devem ser ouvidos na próxima segunda-feira (18). Até o momento, cinco pessoas, incluindo a oficial, já prestaram depoimento. Itamara foi autuada em flagrante e o caso está sendo tratado como homicídio simples e lesão corporal dolosa.