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Capital

Caso de idoso que saiu vivo de necrotério foi milagre, disse médica à família

Paciente em estado grave foi dado como morto e ficou sem suporte por 15 minutos até descoberta do erro

Por Antonio Bispo | 07/09/2024 08:44
Hospital Regional diz que abriu procedimento administrativo para averiguar situação (Foto: Osmar Veiga)
Hospital Regional diz que abriu procedimento administrativo para averiguar situação (Foto: Osmar Veiga)

Até agora, a família de idoso de 72 anos tem mais dúvidas do que respostas para a surreal situação ocorrida no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, que atestou a morte do homem na quarta-feira (4) e, horas depois, informou aos parentes que ele foi levado vivo, dentro do saco mortuário, para o necrotério da instituição.

“Estamos até agora tentando entender o que aconteceu”, disse o servidor federal, de 40 anos, parente do idoso, e que prefere não se identificar para evitar a exposição do paciente.

A “morte” aconteceu no dia 4 de setembro. Cerca de 20 minutos depois do término da visita, a família recebeu a notícia de que o idoso havia morrido. Duas horas depois, a médica que o atendeu ligou novamente, informando que ele estava vivo.

A informação repassada pela médica aos familiares é que o homem ficou de 10 a 15 minutos sem suporte médico, entre a confirmação do óbito e a descoberta que estava vivo, já no necrotério.

Em entrevista ao Campo Grande News, o servidor diz que as informações foram repassadas de forma muito superficial. “Na visita, a médica chamou a gente e disse que nos 20 anos de medicina nunca viu isso acontecer”. A profissional teria justificado que atestou o óbito após aferir a pulsação do idoso duas vezes. “Ela acha que foi um milagre”, contou o familiar do paciente.

A médica, no entanto, não explicou o motivo de ter atestado por meio da pulsação, apesar do idoso estar intubado e com batimentos monitorados por equipamentos.

Agora, a preocupação da família é com as consequências neurológicas pelo tempo sem equipamentos e os fortes medicamentos que ele precisava tomar regularmente.

“Eles constataram o óbito, retiraram os acessos, a medicação, extubaram, tiraram todo o suporte de vida dele, daí ele passou vários minutos para ser levado ao setor de patologia, que é o necrotério, colocaram ele no saco preto”, listou o familiar. “Quem constatou que ele estava respirando foi o pessoal do necrotério, e aí chamaram a médica”.

A família pediu acesso ao prontuário para identificar todos os procedimentos. Inicialmente, segundo o servidor, a informação do hospital é que os documentos só poderiam ser liberados após a alta do paciente. Depois da repercussão do caso, a informação mudou. “Fui tentar de novo, eles falaram que tudo bem, e a gente vai conseguir esse prontuário, só vai levar alguns dias”.

O idoso também foi transferido de setor, o que também aconteceu após a repercussão: ontem (6) de manhã ele foi levado para leito de UTI, o que era pedido desde que chegou à UPA, no domingo.

Em nota, o Hospital Regional informou que lamenta o que aconteceu e está prestando toda a assistência necessária aos familiares. “Um procedimento administrativo foi aberto para apurar as circunstâncias que envolvem o caso. O paciente permanece em tratamento na unidade, recebendo os cuidados adequados de nossa equipe médica”, alega em nota.

Histórico - No domingo (1º), o idoso havia sido levado à UPA Vila Almeida por complicações no quadro clínico: sofrendo de problemas no coração, não estava aceitando a dieta repassada pelo médico. Foi transferido para o Hospital Regional somente na noite de segunda-feira (2), ocupando leito semi-intensivo no pronto-socorro.

Na quarta-feira, após o aviso da morte, a família chegou a iniciar os trâmites burocráticos para velório e sepultamento. De "volta à vida", o idoso retornou à área vermelha.

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