"Cena que nunca vi", diz homem sobre espancamento
Haitiano foi espancado por cerca de 10 homens após confusão com clientes de bar
"Uma cena que nunca vi acontecer aqui". A fala é de uma das testemunhas do assassinato do haitiano Mardochée Borgelin, 35 anos, espancado por cerca de 10 pessoas na noite desta quarta-feira (8), no Bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande. A vítima foi agredida com barra de ferro, pedaços de madeira e pedras. Dois suspeitos de envolvimento no crime já foram presos.
O morador da região, idoso de 69 anos, foi uma das testemunhas levadas para a delegacia, pois presenciou maior parte da agressão. Ele prestou depoimento e foi liberado por volta das 4 horas da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Cepol.
Ainda assustado, conversou com a reportagem do Campo Grande News na manhã desta quinta-feira (9). O aposentado contou que Mardochée morava na vila de casas há cerca de três meses. O imóvel fica perto da Ceasa (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), onde a vítima chegou a trabalhar. "Mas foi demitido", conta.
Nos últimos dias, a rotina do haitiano era ficar na frente de casa "fumando cigarro e caçando confusão com as pessoas", descreve o aposentado. Apesar de ver o haitiano brigando constantemente com os vizinhos, o idoso afirma que nunca teve problemas com ele. Ontem, Mardochée passou o dia ingerindo bebidas alcoólicas e durante a tarde jogou uma garrafa de vidro em um caminhão estacionado na frente da vila de casas. "Também arranjou briga com as pessoas do bar", lembra.
Durante a confusão com clientes do bar, o haitiano acabou agredido e a Polícia Militar foi acionada. Mas, o haitiano não soube informar quem foi e não tinha interesse em representar criminalmente. Então, os militares o instruíram a não voltar no bar e não perturbar mais os vizinhos.
O morador contou que depois dessa situação, Mardochée sumiu. "Depois de 30 minutos apareceu correndo e veio um monte de cara atrás dele. Entraram aqui e começaram a bater. São homens que eu nem conheço, não sei de onde vieram. Foi uma cena que nunca vi acontecer por aqui", lamentou.
Os suspeitos fugiram e, quando a polícia retornou, encontrou a vítima na frente da vila de casas, com fraturas severas na cabeça e afundamento no rosto. Não houve tempo de socorro e a morte foi constatada no local.
O morador conta que o haitiano sempre arrumava confusão e era "marrento". Mas, ninguém soube informar o motivo do crime.
Dos suspeitos da agressão, dois foram encontrados na região com sangue nas roupas. Eles se chamam Pablo e Sidney, sem sobrenomes divulgados pela polícia. Apesar de negarem envolvimento no crime, foram reconhecidos por testemunhas, e acabaram presos. Outros envolvidos são procurados.
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