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Capital

Chuva derruba poste e abre cratera na região do Maria Aparecida Pedrossian

Paula Maciulevicius | 02/04/2011 15:36

Assustados, moradores contam que o problema não é de hoje

Poste de iluminação caiu depois de chuvas no Jardim Panorama. (Foto: João Garrigó)
Poste de iluminação caiu depois de chuvas no Jardim Panorama. (Foto: João Garrigó)

A manhã deste sábado foi de tensão para os moradores da região do Bairro Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande. Por conta da chuva e das obras de drenagem na Rua Guarapuava, o poste de iluminação na esquina da Rua Átomo caiu e deixou parte dos moradores sem energia. A vizinhança afirma que a queda do poste não fez barulho.

“Caiu amortecido aí na terra”, explica a dona de casa Maria Helena Mariano, 48 anos.

Moradora da casa na esquina das ruas Mimoso e Guarapuava, Maria Helena vive o medo de perder o lar. A moradia da família cede um pouco mais a cada chuva. “Acho que está a dois palmos para cair a nossa casa”, conta.

Ela e o marido moram no local há mais de 20 anos e nunca viram nada igual.

“A cada chuva cai um pedacinho a mais da casa. Daqui a pouco eu não tenho mais nada para colocar, não tenho como ficar arrumando”, diz.

As rachaduras são visíveis, a erosão formada na rua e o excesso de chuvas, já afastou uma das paredes da cozinha.

“Estamos praticamente na rua, corre daqui para ali. Tenho medo até de colocar coisas novas em casa, porque o que a gente perde aqui dentro, já está fazendo falta”, relata.

As constantes chuvas abriram buracos pela rua, que dificultam a passagem de pedestres e veículos pela região. Segundo moradores, em dias de muita chuva fica impossível transitar no local.

Moradora vê os estragos da chuva e teme pela casa. (Foto: João Garrigó)
Moradora vê os estragos da chuva e teme pela casa. (Foto: João Garrigó)

Em meio ao drama das famílias que vêem as casas em risco, crianças brincam nas grandes poças de água formadas. Os moradores já não fazem mais questão do asfalto: querem apenas uma via por onde passar.

“É um direito nosso, nós queremos ir e vir”, fala o morador Carlos Luiz Santos, 30 anos.

Segundo ele, o problema ficou maior quando as obras de drenagem começaram, mas por conta da chuva não puderam ser finalizadas. “Deixaram tudo aí, essas valetas abertas. Isso é água que vem lá no Noroeste e deságua aqui”, explica.

Problema – A questão vem da tubulação da Avenida Ministro João Arinos, na saída para Três Lagoas, que canaliza a água vinda do bairro Noroeste. Depois das valetas abertas no Jardim Panorama, a água que antes desaguava num matagal próximo, vem toda para a rua.

“Para ir ao supermercado, tenho que dar uma volta imensa, fazer uma trilha e ainda colocar uma estiva de madeira, como ponte mesmo, pra passar”, conta Carlos.

Dificuldades – Os moradores ficam “ilhados” quando a chuva é mais intensa. As crianças filhas da moradora Regina Duarte Lopes de Souza, já ficaram uma semana sem ir à aula.

“Quando começa a chover, não dá para passar. Ninguém pode sair de casa, nem para ir para o colégio”, fala.

Regina que trabalha no cyber aberto pelo marido, teve que arrumar outro emprego como frentista em um posto de combustíveis.

“Com essa chuva, quem vai ficar aqui? Ninguém. Eu tive que ir trabalhar fora de casa. Se eu tivesse um lugar para ir, eu ia embora”, completa.

Segundo moradores o problema da erosão na rua Guarapuava veio depois das obras não finalizadas de drenagem. (Foto: João Garrigó)
Segundo moradores o problema da erosão na rua Guarapuava veio depois das obras não finalizadas de drenagem. (Foto: João Garrigó)

Os filhos de 8 anos, 6 e 4 anos ficam prejudicados sem aula. Assim como a vizinha Gisliane da Silva Machado, 11 anos. Ela conta que faltar aula já é rotina em dias de chuva.

“Não dá para passar por todo esse barro. A enxurrada dificulta e todo mundo aqui da rua fica preso”, relata.

A estudante comenta que quando consegue ir à escola, deixa toda a sala embarrada.

“A professora pergunta o que aconteceu, eu explico que foi por causa da enxurrada. Já é comum”, diz.

Mais para dentro do bairro, na Rua Tibaji as consequências da chuva afetam também o comércio recém comprado pelo “seo” Hélio Biss, 58 anos.

“Estamos indo para o barro também na parte financeira, assim como as ruas”, desabafa.

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