Colega de moradora de rua assassinada a tiro conta sobre o crime e pede ajuda
Joice Ledesmo foi morta com tiro disparado de carro no Bairro Universitário; autor ainda não foi identificado
Moradora de rua assassinada a tiro perto da rodoviária de Campo Grande, no Bairro Universitário, na noite de quarta-feira (14), foi enterrada hoje, e colega que estava com ela, João Antônio dos Santos Cardoso Alves, de 33 anos, contou ao Campo Grande News como foi o crime e ainda pede ajuda para sair das drogas e das ruas.
João Antônio conheceu Joice de Jesus Ledesmo, 36, três dias antes de ela ser assassinada. Comovido por ter visto o assassinato, ele foi testemunha do caso na delegacia e passou o dia de ontem procurando a colega. “O cara veio num Uno branco, a gente estava sentado. Ele passou devagar, abriu a janela e atirou”, lembra.
Foram três disparos conforme João. O primeiro não atingiu ninguém, nem o segundo. Mas o terceiro pegou nas nádegas de Joice, que perdeu muito sangue e acabou morrendo no local. Quando o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou, ela já estava morta.
Depois de prestar depoimento, ele saiu da delegacia e perambulou tentando ter mais informações sobre a colega. À noite, ele passou mal, convulsionou, porque tem epilepsia e foi levado para atendimento no posto de saúde 24 horas do Bairro Nova Bahia.
Hoje de manhã, ele soube lá na unidade de saúde que Joice estava sendo velada em funerária na Avenida Bandeirantes e foi para lá. Saiu do posto sem avisar ninguém e ainda estava com a conexão de agulha no braço e a embalagem de soro nas mãos. “Eu preciso de ajuda, eu quero sair das ruas, quero parar com a droga”, clamou, depois de contar com alegria que conseguiu acompanhar o velório da colega.
Joice foi enterrada no Cemitério Jardim da Paz e, nas redes sociais, a mãe dela fez uma despedida emocionada. “Você será sempre a minha menina”, escreveu.
Pedido – Cozinheiro e ex-serviços gerais do Terminal Bandeirantes, onde conversou com a reportagem, João Antônio, conforme contou, está nas ruas desde 2017, quando descobriu uma traição da ex-mulher, entrou em depressão e passou a usar drogas. “Quero ajuda, ir para uma clínica, terapia e trabalhar na cozinha, porque sou cozinheiro”, afirmou.
Sem contato com a família, João lembrou ainda que em 2017 se jogou do viaduto entre as avenidas Afonso Pena e Ceará, o que lhe rendeu três placas na cabeça. “Tenho epilepsia, depressão e as placas”.
Quem quiser ajudá-lo pode encontrá-lo nos terminais, onde dorme com frequência, ou entrar em contato com pastor Ataíde, que tenta acompanhar João, pelo telefone (67) 99179-9529.