Com apenas três médicos peritos, greve no INSS atrapalha quem vem de longe
Cenário em Campo Grande pegou alguns contribuintes de surpresa
A greve nacional dos peritos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) tem atrapalhado quem vem de outros municípios para atendimento na capital sul-mato-grossense. A paralisação foi anunciada há alguns dias, mas há quem tenha sido pego de surpresa nesta quarta-feira (31), dia anunciado previamente pelo setor para pausa dos serviços. Os peritos reivindicam reajuste salarial de 23%.
No prédio localizado na Rua Anhanduí, no horto florestal, em Campo Grande, o local está funcionando com apenas três médicos, dos 22 que trabalham na unidade. A decisão da cota mínima foi estabelecida pelo STJ (Supremo Tribunal de Justiça) nesta terça-feira (30), por meio de uma liminar. Conforme o Supremo, os locais devem funcionar com 70% do efetivo.
Ana Maria Marques, de 58 anos, é cabeleireira e mora em São Gabriel do Oeste, a 137 quilômetros de Campo Grande. A notícia da paralisação pegou a mulher de surpresa. De acordo com ela, a perícia ainda estava agendada no aplicativo.
“Eu saí de São Gabriel às 3h da manhã. Quando consultei o aplicativo, estava marcada a minha perícia para as 10h30. Faz dois anos que não trabalho por conta de estar só com 23% do pulmão. Agora a minha Van vai passar aqui só às 15h, fiquei até agora aqui na frente porque não tenho aonde ir, não conheço ninguém aqui. Vou agora procurar um lugar para almoçar e matar o tempo."
O problema foi causado por uma intoxicação por produtos de limpeza. Ela chegou a fazer a primeira perícia há quatro meses. Hoje pediram que ela retornasse na próxima segunda-feira.
Uma das mulheres que estavam na frente do prédio e preferiu não ser identificada explicou à reportagem que não foi avisada sobre a paralisação e que ontem funcionários ligaram para ela confirmando a perícia.
"Eles não avisaram em momento nenhum que não estariam atendendo. No dia 30, eles confirmaram a minha perícia e hoje não enviaram nenhum SMS avisando que tinha sido cancelado."
Ela está afastada há 6 meses por ter fibromialgia e depressão com quadro ansioso. Disse também que é mãe solo e tem uma filha de 17 anos. "É um descaso para a população. É muita humilhação e muito injusto com o trabalhador. Estamos aqui buscando um direito nosso".
O vigilante patrimonial Alex Sanches, de 32 anos, fez a perícia há 15 dias, porém ainda não há liberação no aplicativo. Ele foi até o local para resolver o problema. O homem passou por duas cirurgias, uma de úlcera e outra no pulmão.
"O aplicativo não liberou o pagamento e nem a volta para o serviço. Eu voltei a trabalhar, mas o patrão disse para vir ver a liberação para poder trabalhar. Eu já voltei a trabalhar, porque não tem como ficar parado. Eles acham que a gente vive de brisa. Os meus familiares que tem me ajudado, porque até a minha medicação tem que ser comprada porque ela é manipulada."
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