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Capital

Com paralisação de peritos, população dá de “cara na porta” no INSS

Sem conseguir ser atendida, grávida teve exame remarcado para depois do parto

Por Geniffer Valeriano | 17/01/2024 12:03
Em agência do INSS havia cartaz informando da paralisação (Foto: Henrique Kawaminami)
Em agência do INSS havia cartaz informando da paralisação (Foto: Henrique Kawaminami)

Durante paralisação de peritos, população deu com a "porta na cara" ao procurar o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) nesta quarta-feira (17). Quem foi até o instituto encontrou apenas os seguranças que orientavam as pessoas a ligarem para remarcar os atendimentos.

Conforme apurado pelo Campo Grande News, a realização da paralisação nacional dos peritos federais estava prevista há algum tempo. Na porta do INSS localizado na Rua Anhanduí, agência presente no horto florestal, havia um cartaz informando da paralisação. Nesta manhã, apenas uma perita realizava os atendimentos que estavam pré-agendados para ela.

Enquanto estava pelo local, a reportagem conversou com Ingrid Meireles, de 32 anos, que havia realizado o agendamento da sua perícia há três meses. Grávida de 35 semanas, a vendedora precisou ser afastada do serviço por ter desenvolvido diabete gestacional, com o quadro Ingrid começou ter muitos desmaios.

Ingrid está grávida de 35 semanas, com o parto marcado para daqui a 14 dias (Foto: Henrique Kawaminami)
Ingrid está grávida de 35 semanas, com o parto marcado para daqui a 14 dias (Foto: Henrique Kawaminami)

A vendedora contou que na portaria do INSS foi orientada a ligar para o instituto e agendar uma nova data para a perícia. Ao ligar, foi informada que só conseguiria ser atendida daqui a três meses, em abril. Ingrid também relata que por ser uma gestação de risco, o seu parto está previsto para acontecer daqui a duas semanas.

Em abril o meu bebê já nasceu, o que que eu faço até lá? Como que eu vou comprar roupa, comida? Como eu vou me sustentar? Por sorte eu tenho o meu marido, mas e se eu fosse mãe solo? Tudo está dependendo deles. É um absurdo eles não avisarem com antecedência, nem se fosse por e-mail ou aplicativo. Não sei o que que vou fazer a partir de agora”, disse chorando.

Muito abalada com a situação, Ingrid disse não saber se conseguiria dirigir para voltar para casa no momento.

Outra que não conseguiu ser atendida nesta manhã foi a doméstica Maria Sônia dos Santos, de 60 anos. Há nove meses a idosa está sem poder trabalhar por conta de um problema de coluna. Desde que ficou afastada e deu entrada no auxílio, conseguindo receber por dois meses.

No terceiro mês, o auxílio foi cortado e desde então Maria tenta marcar uma nova perícia. Após contratar uma advogada, conseguiu em dezembro realizar o agendamento do atendimento para hoje.

“Eu ainda tenho meus filhos e meus netos para me ajudar, mas essa menina aí, coitada, não sei como ela está conseguindo lidar com a  situação. É um absurdo eles fazerem essa paralisação e quererem agendar meses depois. Eu estou sem receber salário nenhum há meses, agora eu não sei o que vou fazer”, disse.

O Campo Grande News entrou em contato com o INSS para falar sobre ambos os casos relatados. A reportagem foi informada que a perícia médica desde 2018 não faz mais parte do instituto. O Ministério da Previdência, atual responsável pela perícia médica, também foi procurado, mas até o momento não houve nenhum retorno. O espaço segue aberto.

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