Com desafio da pandemia, 62 agentes tentam proteger animais da “raiva”
Campo Grande News acompanhou início da campanha de vacinação antirrábica nas ruas do Bairro Nova Lima
Com o desafio de uma pandemia que pede “distanciamento”, 62 agentes de endemias e de saúde pública do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) começam nesta segunda-feira (3) a percorrer os bairros de Campo Grande para vacinar cães e gatos contra a raiva, parte da campanha de vacinação antirrábica.
A campanha de 2020, com o plus do novo coronavírus, tem a meta aplicar a vacina em 200 mil animais na cidade. Além do agendamento via CCZ, onde os donos podem levar os bichinhos voluntariamente, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) também mobiliza agentes para visita às casas.
Nesta segunda, por volta de 9h30, o trabalho começou na região do Bairro Nova Lima, que, segundo a Sesau, abriga a maior população de cães e gatos da cidade. Por ali, em duplas, os agentes vão percorrer também bairros como o Jardim Colúmbia e Jardim Vida Nova.
É o que explica o supervisor do CCZ, Leonildo Miguel da Silva. O “plus” trazido a um trabalho que já é difícil, é que os agentes podem esperar resistência de quem não quer perto “estranhos” que podem trazer o vírus até as suas casas.
Ainda assim, não há motivo para preocupação desde que se use máscara, destaca o supervisor, e a regra vale tantos para os agentes, quanto para a população que vai recebê-los em casa, explica Leonildo.
Ele afirma que todos os agentes passaram por teste rápido para detecção de anticorpos que podem reagir à presença do novo coronavírus no dia 23 de julho. “Agora a dificuldade maior vai ser o isolamento das pessoas, apesar de a gente estar bem paramentado, com todos os itens, pode ter resistência com o morador”, conta o supervisor.
Na prática, ainda assim, quem estava sem máscara eram os moradores, conforme atestou a reportagem ao acompanhar parte do trabalho em ruas do Nova Lima.
O trabalho era recebido sem “resistência” nas casas onde há mais “melhores amigos” do que humanos. É o caso do lar da cuidadora de idosos Regina Aparecida Rodrigues, 48. “Acho ótimo, a gente não tem possibilidade de levar. Eu ia acabar levando em algum lugar, e vindo aqui é maravilhoso”, elogia ela.
E vai emendando com a idade dos “amigos”. “Negão”, comenta ela, "tem 11 anos". “Todo ano participo da campanha”. “Pituxa”, uma gata, "tem sete anos". “O gatinho é filho dela. Xulipa, a minha filha achou na rua, a gente joga assim por cima que deve ter aí uns 8 anos”, conta, sobre a companheira felina.
“Eu acho ótimo, tenho cinco cachorros”, afirma a faxineira Maria Pereira, 58, que conta viver com os bichinhos há “muito tempo”. “A Dalila já vacino tem mais de ano, nunca fiquei sem vacinar”, afirma ela. “Sempre passaram aqui, eu acho que tem que fazer isso mesmo, eu gosto, tem gente que fecha a casa, mas eu gosto”, avalia.
Quem quiser levar os pets até o CCZ pode ligar no 3313-5000 e agendar a vacina para o gato ou cachorro. O animal precisa ter no mínimo quatro meses e o espaço fica aberto até às 21h de segunda a sexta e aos finais de semana, até às 22h.