Com obra, região do Bálsamo passará de estrada boiadeira a complexo viário
Ao todo, os investimentos chegam a R$ 56,7 milhões
Dentro de 18 meses, as margens do córrego Bálsamo, cenário do maior desastre ambiental de Campo Grande, vai ganhar uma nova cara. Hoje, no cruzamento da avenida Três Barras com a linha férrea, no bairro Rita Vieira, foi lançada a obra de R$ 33 milhões, que contempla drenagem, pavimentação e recuperação da bacia do córrego.
Em outra frente, a obra do PAC 2 (Plano de Aceleração do Crescimento)constrói 482 casas no bairro Moreninha IV, que vão abrigar famílias removidas para a execução do projeto. Ao todo, os investimentos chegam a R$ 56,7 milhões. “O bairro nasceu em 1979, a Três Barras era uma estrada boiadeira. O bairro é antigo, mas descoberto há pouco tempo”, afirma José Humberto da Silva, líder comunitário do Lagoa Dourada.
Ele explica que os terrenos eram comprados para especulação imobiliária, ou seja, a área permanecia com poucos moradores enquanto os donos dos terrenos esperavam a região se valorizar. “Agora, estamos com melhores expectativas possíveis. Não esperava que essa obra fosse tão cedo. Terá uma valorização muito grande dos imóveis”, salienta. Ele relata que um dos problemas da região é um antigo lixão, cujo chorume transborda com a chuva forte.
De acordo com o titular da Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação, João Antônio De Marco, a obra viária fará a interligação do Macroanel até a avenida Guaicurus. Serão 12,5 quilômetros de pavimentação, 11,7 quilômetros de drenagem, ciclovia, centro de triagem de recicláveis, quatro quadras poliesportivas, centro comunitário e pórticos na entrada da obra.
Conforme o secretário, a nova ligação viária será opção para os ônibus que partem da rodoviária na direção a Goiás, São Paulo e Minas Gerais. A obra será realizada pela Equipe Engenharia. Conforme De Marco, o projeto exige desapropriação de áreas.
Área verde - O prefeito Nelsinho Trad (PMDB) afirmou que a obra do parque linear do Bálsamo vai se juntar a ações de urbanização de fundo de vale realizadas no Imbirussu/Serradinho, Lagoa, Bandeira e Segredo. “Consolida o crescimento que a região vai ter”, disse o prefeito. Parte da avenida será mão-dupla.
Deputado federal e pré-candidato à prefeitura de Campo Grande, Edson Giroto (PMDB), recordou do tempo em que foi secretário de Obras da prefeitura. “Quando o André [Puccinelli] era prefeito, tinham 175 hectares de área verde preservada. Hoje, mesmo com o crescimento da cidade, passa de 500 hectares de mata ciliar preservada”, afirma. Conforme o parlamentar, neste ano, o PAC vai investir R$ 340 milhões em Campo Grande.
Lar – Para a execução das obras, são investidos R$ 23 milhões na construção de 482 casas populares ao lado do parque Jacques da Luz. De acordo com o diretor-presidente da Emha (Agência Municipal de Habitação), Paulo Matos, as casas serão entregues até o fim do ano. “Os imóveis vão ser entregues de uma vez só”, afirma.
Os imóveis são destinados a famílias que serão removidas para a realização das intervenções e a 106 famílias que moram debaixo do linhão de energia elétrica nas Moreninhas.
São 467 casas padrão, com 35 metros quadrados de área construída, além de 15 casas adaptadas, com 39,48 metros quadrados. O imóvel é composto por dois quartos, sala e cozinha conjugada e banheiro.
Bálsamo – Com 18 quilômetros de extensão, o córrego nasce no bairro Rita Vieira, no cruzamento da Três Barras com a linha férrea e vai até o córrego Lageado. Em 2001, um descarrilamento de nove vagões da então Novoeste provocou o maior desastre ambiental do município.
“Dois vagões foram perfurados e 40 mil litros de óleo diesel vazou na nascente, contaminando o solo, o lençol freático”, relata Eduardo Romero, da associação Amigos do Bálsamo.