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Com projeto abandonado e acumulando lixo, passagem de pedestre vira área privada

Espaços que seriam para encurtar caminhadas acabaram por se tornar dor de cabeça aos moradores

Por Lucia Morel | 05/02/2024 09:25
Portão fecha antiga passarela de pedestres no Carandá Bosque II. (Foto: Juliano Almeida)
Portão fecha antiga passarela de pedestres no Carandá Bosque II. (Foto: Juliano Almeida)

Em 2011, a Prefeitura de Campo Grande começou processo para se desfazer de áreas públicas no Carandá Bosque II, que nunca foram usadas para a finalidade com que foram criadas. Eram para servir de passarelas para pedestres. A ideia é que os espaços de 3 metros de largura por 35 metros de comprimento ajudassem a cortar caminho entre quadras ou facilitasse acesso às praças da região, mas não deu certo e o projeto foi abandonado, ou em alguns casos esses trechos foram incorporados aos imóveis vizinhos.

São dezenas de áreas – principalmente na rua Peixe Vivo entre Madressilva e Nelson Borges de Barros e entre esta última e a rua Vitorio Zeola – algumas ainda em alienação pelo município, mas que como não cumpriram sua função original, acabaram por se tornar dor de cabeça aos moradores. Empresária na região, Rosângela Quadrado, de 63 anos, conta que tais passarelas nunca serviram para nada e o que havia era acúmulo de lixo, mato e risco para os imóveis.

“Tem uns 15 anos isso aí e de comum acordo com os moradores, a prefeitura começou a oferecer para as pessoas comprarem. Daí foi oferecido só pra quem morava ao lado dessas áreas e muitos compraram. Porque essa área ficava perdida entre os terrenos e deixava as casas vulneráveis”, comentou.

Acúmulo de materiais de construção em uma das antigas passarelas. (Foto: Juliano Almeida)
Acúmulo de materiais de construção em uma das antigas passarelas. (Foto: Juliano Almeida)

Ela conta ainda que tais áreas eram como vãos entre as casas e que nunca foram cuidados. Moradora há 15 anos na região, conta que conhece bem o caso porque sabe de muitas pessoas que adquiriram tais terrenos. “Só era espaço para juntar mato, sujeira e além de dar acesso às casas (risco de roubo ou furto), também servia para ajudar a espalhar a dengue. Nunca foi uma área verde bonita”, diz.

Quem ainda não comprou sua parte, mas pretende é o técnico de ar-condicionado Vlademir José Ostowitz, de 61 anos. “A área está vaga ainda, mas preservada. Eu cuido”, conta. Ele diz que há três anos ofertou R$ 30 mil para compra, mas o processo não foi para frente. “O vizinho comprou a parte dele e construiu, mas a minha eu fechei e limpo, mas não comprei ainda não. Quero ver se esse ano consigo”, disse.

Segundo ele, ainda há passarelas abandonadas e sem terem sido adquiridas, mas são poucas. “A maioria já construiu em cima e pela lei, só lindeiros podem comprar, até porque é uma área que só tem 3 metros de frente, é muito estreito, não teria como fazer muita coisa”, avalia.

Já José Carlos Paz, 69, aposentado, comprou a área há cerca de 15 anos. "Não lembro o valor não, mas foi a melhor ideia a prefeitura por tudo à venda", disse. Para o morador, usuários de drogas ou desconhecidos usavam os locais e até jogavam lixo ou objetos para dentro das casas. "Era perigoso na verdade", avalia.

Área desafetada em mapa do Simgeo (Sistema Municipal de Geoprocessamento de Dados). (Foto: Reprodução)
Área desafetada em mapa do Simgeo (Sistema Municipal de Geoprocessamento de Dados). (Foto: Reprodução)

A exemplo do que ocorreu a partir de 2011 no Carandá II, a Prefeitura de Campo Grande obteve autorização dos vereadores para encaminhar para alienação 13 terrenos, alguns deles em bairros da região central da cidade em dezembro do ano passado. Os vizinhos também terão preferência para ofertar valor para aquisição.

Em nota, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) informou que tais áreas foram projetadas para servirem de passagens de pedestres, mas “com o passar dos anos, acabaram por não exercer a destinação originária”. Com isso, “causavam insegurança aos moradores da região e neste sentido, atendendo um anseio da própria população local e de acordo com a legislação municipal, as referidas áreas foram desafetadas por meio de lei”.

Assim, o município, através de lei aprovada na Câmara Municipal, autorizou a venda dessas áreas para os lindeiros (vizinhos). “Inclusive, pontuamos que algumas áreas já foram adquiridas por particulares e outras estão com processo em trâmite para a compra. Sendo tudo realizado de acordo com a legislação”.

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