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Capital

Com risco de perder licença, JBS terá 60 dias para eliminar podridão de bairro

Segundo estudo do Imasul, odor é causado por falta de manutenção em equipamentos do frigorífico

Por Natália Olliver | 17/05/2024 10:59
Unidade da JBS, localizada na saida para Sidrolândia (Foto: Paulo Francis)
Unidade da JBS, localizada na saida para Sidrolândia (Foto: Paulo Francis)

O frigorífico da JBS, localizado no bairro Nova Campo Grande, poderá perder a renovação da licença ambiental caso não elimine o mau cheiro no bairro em até 60 dias. A decisão foi anunciada após estudo feito pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), durante reunião com a comissão de meio ambiente e moradores do bairro, na manhã desta sexta-feira (17).

Segundo o levantamento, o odor é causado por falta de manutenção em equipamentos do frigorífico. Conforme os membros da comissão, formada pelos vereadores Zé da Farmácia (PSDB) e Coronel Villasanti (União) e Prof. André Luis (PRD), o estudo será apresentado à empresa em até uma semana. Depois disso, o prazo de dois meses para se adequar às exigências já começa a valer.

“O que nós pedimos quanto comissão é que efetivamente aumente a fiscalização, que ela seja mais frequente para que efetivamente possa resolver isso. Segundo o Imasul, todas as empresas da região não são fiscalizadas pelo órgão, são fiscalizadas pela prefeitura. E aí nós vamos estar solicitando à prefeitura também que fiscalize as outras empresas da região”.

Sobre a acusação da JBS de que o cheiro era originado do lago da fábrica de bebidas Refriko, o vereador Coronel Villasanti e Zé da Farmácia acreditam que não seja verdade. “Nós acreditamos, segundo informações aí até agora levantadas, que seja efetivamente da JBS, mas para que não haja dúvida, vamos pedir a fiscalização de outras empresas também da região”.

Além de perder a renovação da licença ambiental, caso a JBS não cumpra com o que o Imasul está pedindo poderá sofrer multas e, eventualmente, até ser caçada, ou seja, praticamente deixar de funcionar. O Instituto não se pronunciou sobre quais os pedidos foram feitos à empresa frigorífica.

A fiscalização do frigorífico é feita pelo Estado, portanto é de responsabilidade do Imasul. Entretanto, as demais fábricas da região são de supervisão do município, ou seja, está ao encargo da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano). Fábia Britez, de 49 anos, vice-presidente da associação dos moradores do bairro, explica que os residentes não desejam que a empresa feche, mas que acabe com o mau cheiro.

“O que a gente quer é abrir a janela da nossa casa e não sentir o mau cheiro. Sabemos que eles têm condições de resolver o problema, é uma multinacional. Não vamos desistir. Hoje temos a comissão de meio ambiente que resolveu comprar a nossa briga e se há outros cheiros vamos resolver”.

Ela acrescenta que chegou a acionar a Semadur, mas não obteve retorno. Robson Fernandes Nogueira, presidente do bairro, acredita que a união tenha sido benéfica para os moradores do  Nova Campo Grande.

Robson Fernandes Nogueira, presidente do bairro Nova Campo Grande (Foto: Natalia Olliver)
Robson Fernandes Nogueira, presidente do bairro Nova Campo Grande (Foto: Natalia Olliver)

“Em cada reunião a gente dá um passo para frente, não para trás. Soluções? Tem. O que a gente quer é essas soluções. As ideias surgiram, por exemplo, hoje numa conversa aqui, e vamos colocar em prática juntamente com o Imasul, cobrando para o poder estar fiscalizando. Nós tivemos lá na JBS uma reunião com eles e há um jogo de empurra, ‘não sou só eu, tem fulano também eles falam”.

Multas - O problema é antigo, em fevereiro deste ano, a unidade da empresa, na  Avenida Duque de Caxias, na saída para Terrenos, passou por vistoria de técnicos do Imasul. A inspeção foi devido a uma sequência de queixas de moradores sobre ao mau cheiro constante na região. O frigorífico empresa recebeu multa de R$ 100 mil por destinação irregular de resíduos na natureza.

Fiscalização - A reportagem entrou em contato com a Semadur para verificar se a pasta está fiscalizando o local.  Ela informou que realizou a vistoria de 19 empresas e apenas duas foram identificadas com potencial poluidor relacionado à emissão de odor. Portanto que o odor deve ser originado do frigorífico.

"A Semadur encaminhou fiscalização nos locais para o monitoramento dessas atividades e não encontrou irregularidades operacionais que resultassem na liberação de odores como o relatado. Até o momento não foi constatada a ocorrência de atividade clandestina potencialmente geradora desse tipo de incômodo, o que indica que possivelmente o odor característico identificado na região deve ser oriundo do frigorífico de grande porte existente na área".

Refriko - Sobre a acusação do JBS de que o cheiro era da fábrica de bebidas da Refriko, a pasta acrescentou que a lagoa de tratamento foi identificada pela equipe de fiscalização ambiental da Secretaria e encontra-se em monitoramento rotineiro da atividade desde o final do ano passado. Conforme a secretaria, a empresa foi notificada para atender as exigências do órgão ambiental.

"A Semadur ressalta que a natureza do efluente gerado na operação desta atividade é diversa daquela que proporciona o mau cheiro com as características evidenciadas pelos moradores da região, pois se trata de sistema de tratamento para atividade de fermentação de bebida alcóolica (cerveja) cuja matéria orgânica que mais contribui é originária de leveduras, possuindo características físico-químicas diferentes das oriundas de atividades cujo efluente tem origem em matéria orgânica de animais, tais como os efluentes gerados em atividades de abatedouros".

A pasta ressaltou que está atenta e com as ações de monitoramento e fiscalização da fábrica de bebidas ocorrendo devidamente. "No mais, a Semadur permanece realizando varreduras na região em busca de identificar potenciais causadores do incômodo".

A reportagem entrou em contato com a JBS e a assessoria disse que vai responder a solicitação.

[ * ] Matéria alterada às 18h07 para correção de informações.

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