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Capital

Com só 5 agentes para 95 internos, fuga de Unei foi pela porta da frente

Adolescentes que cumprem medida socioeducativa no local armaram emboscada para os agentes e pegaram as chaves

Anahi Zurutuza e Geisy Garnes | 16/12/2019 09:37
Agente que foi feito refém pediu para ter a identidade preservada e mostra ferimento na cabeça (Foto: Henrique Kawaminami)
Agente que foi feito refém pediu para ter a identidade preservada e mostra ferimento na cabeça (Foto: Henrique Kawaminami)

“Quando eu abri o portão veio aquele monte para cima da gente”, conta do agente de medidas socioeducativas feito refém antes de fuga da Unei (Unidade Educacional de Internação) Dom Bosco, na saída para Três Lagoas. A instituição abriga 95 internos e na madrugada desta segunda-feira (26), quando 27 fugiram, cinco servidores faziam a segurança do local, sem qualquer armamento. 

Os adolescentes que cumprem medida socioeducativa no local armaram emboscada para os agentes. Depois que haviam serrado os cadeados dos alojamentos, os meninos simularam o espancamento de um dos internos. Agentes foram surpreendidos quando abriram a grade do pavilhão B, onde ficam 21 rapazes, para prestar socorro.

O servidor que ficou refém conta que foi atingido com algum produto de limpeza no rosto, levou pancada na cabeça e foi amarrado dentro de cela. “Se você reagir, vamos te matar”, conta sobre as ameaças que recebeu. Sem ter como se defenderem, duas agentes se trancaram em salas da unidade.

Com as chaves da Unei, adolescentes conseguiram abrir outros alojamentos e o portão de acesso ao prédio. Parte deles fugiu pela porta da frente, enquanto alguns pularam o muro.

A Polícia Militar foi acionada imediatamente, mas como a unidade fica a cerca de 20 km da cidade, o reforço demorou a chegar. Agentes acreditam que carros tenham dado apoio à fuga de parte dos internos, uma vez que durante as buscas pela mata do entorno da Unei, somente 1 foi recapturado.

Silvio Ferreira Guimarães, da diretoria do Sindsad, durante entrevista sobre falta de estrutura (Foto: Henrique Kawaminami)
Silvio Ferreira Guimarães, da diretoria do Sindsad, durante entrevista sobre falta de estrutura (Foto: Henrique Kawaminami)
Agentes só usam cassetetes e reclamam de não ter condições de contornar crises (Foto: Henrique Kawaminami)
Agentes só usam cassetetes e reclamam de não ter condições de contornar crises (Foto: Henrique Kawaminami)

Para Silvio Ferreira Guimarães, da diretoria do Sindsad (Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos da Administração do Estado do Mato Grosso do Sul), a ocorrência expõe a total falta de estrutura para agentes trabalharem. “Relampejou lá em Campo Grande, acaba a luz aqui, se acaba a água, os internos se revoltam. Estamos abandonados. Não tem segurança nenhuma, não tem apoio da polícia”, afirma.

O sindicalista afirma ainda que a escala de agentes quase sempre está defasada e por se tratar de unidade educacional, armamentos não-letais, como as pistolas taser, não podem ser usados para contornar situações de crise, somente cassetetes. “Tem 4 ou 5 anos que a gente espera por um concurso, falta efetivo. Estão brincando com a vida do servidor”.

O Campo Grande News já fez contato com a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) e aguarda retorno.

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