Com suspensão prorrogada, academias ficam entre manter saúde e "girar máquina"
Enquanto espaços preparam vídeo-aulas, outros sugerem quarentena só para grupos de risco
Parte dos estabelecimentos comerciais devem reabrir na próxima semana, como parte de processo de flexibilização das medidas restritivas à circulação de pessoas para frear o novo coronavírus, impostas pela prefeitura de Campo Grande. As academias de musculação e ginástica não entraram no afrouxamento e têm previsão de retomar as atividades a partir do dia 13 de abril - o que contempla alguns, mas desagrada outros.
Duane Xavier, proprietário da Bem Estar Fitness, na Avenida Tamandaré, prepara vídeo-aulas com exercícios adaptados, para os clientes se exercitarem em casa. Para ele, a pandemia exige novas ideias do empresário.
“Tenho a expectativa que volte o funcionamento o quanto antes, só que esse também é um momento de se reinventar. Estou preparando treinos online e vou começar a fazer lives a partir dessa semana, todos os dias, dando oportunidade do aluno tirar dúvidas durante o treino”, explica.
Xavier detalha que tinha uma reserva financeira para momentos como esse e descarta possibilidade de demitir funcionários. Ele ainda entende os riscos que um ambiente como uma academia pode oferecer para estimular o contágio em massa pelo novo vírus.
“As autoridades em Saúde indicam que as pessoas fiquem em casa, ainda mais no nosso segmento, que é de contato. Tem pessoas com posicionamento mais agressivo, mas eu vou criar meios para continuar trabalhando e atendendo o cliente sem desrespeitar as condições imposta”, declara.
Por outro lado, Eder Atanásio, sócio-proprietário da rede de academias Performance, com seis unidades em Campo Grande, defende quarentena vertical e propõe saídas para retomada das atividades em seu segmento.
“Temos que resguardar os idosos. Os novos, botar para trabalhar e fazer girar a máquina. Entendo a preocupação em desacelerar a contaminação, evitar lotação nos postos de saúde, mas atividade física aumenta a imunidade. Tem dias que recebo até 50 mensagens de clientes e alunos querendo voltar”, justifica.
Atanásio deu férias coletivas aos 70 funcionários. Ele classifica o período de crise como “terrível” e comemora ter conseguido descontos no aluguel de parte dos imóveis onde funcionam as academias.
O empresário sugere regras similares às impostas para reabertura de igrejas e agências bancárias, que impõem distâncias mínimas e limite de lotação de uma pessoa para cada 10 m².
Pelas ruas, o que se observa são academias fechadas e obedientes ao decreto municipal. Com parques e praças públicas também impedidas de abrir, quem não abre mão da corrida ou da caminhada rotineira apela para o entorno destes espaços.