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Capital

“Combustível do estelionato é o desespero por crédito facilitado”, diz delegado

Desde julho, 172 pessoas da Capital caíram no golge do falso consórcio, tendo prejuízo de R$ 150 mil

Izabela Cavalcanti | 08/09/2022 10:03
Delegado Reginaldo Salomão, da Decon (Foto: Kísie Ainoã)
Delegado Reginaldo Salomão, da Decon (Foto: Kísie Ainoã)

Tem se tornado cada vez mais comum, pessoas caírem em golpes de falso consórcio e financiamento. Segundo o delegado da Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), Reginaldo Salomão, o que tem levado a esse acontecimento rotineiro é a facilidade de crédito e o desespero por parte da vítima.

“O combustível do estelionato é a vontade da vítima, o desespero por crédito facilitado. Se a pessoa quer adquirir uma casa no Damha e tem o nome negativado, nenhum banco vai financiar, eles [golpistas] vão. Ninguém oferece bens para quem está negativado”, alerta.

Ainda conforme o delegado explica ao Campo Grande News, em alguns casos, as falsas empresas oferecem carta de crédito para a compra de imóvel ou veículo. A pessoa interessada pode dar o que ela tiver de dinheiro, seja R$ 100 ou R$ 1 mil. Neste momento se inicia o golpe.

Em outras situações, o grupo de estelionatário contrata pessoas para anunciar venda de veículo nas redes sociais, por exemplo. No entanto, quando o consumidor entra em contato para saber sobre o bem, já não está mais disponível. A partir disso, começa a ser oferecido várias formas de crédito para atrair a vítima, que já estava interessada em adquirir o carro.

Segundo o delegado, o crime para quem aplica o golpe é de 2 a 8 anos de prisão. Já para quem participa, o crime é de associação criminosa, com pena de 1 a 3 anos.

O advogado David Alfredo Golin explica que “quem oferece consórcio inexiste, incorre no crime de estelionato, previsto no art. 171 do código penal, onde assim prevê: obter para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”, destaca.

“Alguns golpistas criam empresas de fachada para vender supostas cotas e depois somem com o dinheiro dos investidores. Alguns chegam a abrir um espaço físico para dar maior credibilidade ao “negócio” atraindo as vítimas, fazendo-as a acreditar na licitude daquele negócio”, completa o advogado.

De acordo com informações do titular do Procon-MS (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor de Mato Grosso do Sul), Rodrigo Vaz, desde julho, 172 pessoas de Campo Grande caíram neste tipo de golpe, resultando em prejuízo de, aproximadamente, R$ 150 mil.

Com isso, o órgão já aplicou R$ 199 mil em multas, a empresas estelionatárias.

Empresa que aplicava golpe foi fechada pelo Decon, no dia 19 de agosto (Foto: Divulgação)
Empresa que aplicava golpe foi fechada pelo Decon, no dia 19 de agosto (Foto: Divulgação)

O que fazer? - No site do Banco Central (www3.bcb.gov.br), é possível pesquisar se a empresa está autorizada a exercer a atividade. Basta colocar os oito primeiros números do CNPJ. Se a empresa estiver liberada, vai aparecer como autorizada, caso contrário, não irá aparecer.

Ainda conforme o delegado, essas empresas afirmam estar conveniadas com grandes seguradoras. Outra forma é entrar em contato e verificar a informação.

“Hoje, pela desburocratização, pode abrir quantas empresas quiser. A dificuldade é que eles mudam muito de endereço. Temos as pessoas que atuam e participam de forma ingênua, sem saber do que se trata. Nossa equipe está nas ruas investigando. Nós vamos nos dedicar. Isso vem em grande escala desde 2019”, conclui Salomão.

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