Comerciantes de MS são investigados por fraude no consumo de energia
Comerciantes de cidades do interior de Mato Grosso do Sul com fornecimento de energia elétrica da Elektro, como Selvíria, Três Lagoas, Brasilândia, Santa Rita do Pardo e Anaurilândia, são investigados pela Polícia Civil de São Paulo após a prisão de sete pessoas na última quarta-feira (17) em operação que visa coibir fraudes no consumo de energia elétrica.
Segundo a polícia, após três meses de investigações a polícia de Limeira (SP) chegou ao nome de um homem, de 29 anos, que se passava por engenheiro e ex-funcionário da concessionária oferecia serviços ilegais para adulterar medidores de energia.
As detenções aconteceram depois que os policiais vistoriaram os locais e constataram a fraude. De 12 estabelecimentos fiscalizados na cidade paulista até o momento – como comércios, indústrias e academias –, foi verificada irregularidade em nove.
“Como ele era técnico ele sabia como fazer. Ele rompia o lacre e colocava outra lacre no medidor. Essa pessoa tinha um canal dentro da Elektro para ter essa facilidade e vender o serviço dele”, diz o delegado Antônio Luís Tuckumantel, responsável pelas investigações.
Segundo ele, um dos detidos é dono de uma série de comércios no Estado. “O esquema funcionava nos dois estados. Encontramos vestígios da venda do esquema em Mato Grosso do Sul e vamos fornecer os detalhes para a polícia de lá conduzir um inquérito em separado”, completou Tuckumantel.
Oficialmente, o delegado diz que não pode fornecer nomes ou cidades onde estejam comerciantes sul-mato-grossenses envolvidos. “Um dos detidos é do Estado, mas preferimos não revelar nada para não atrapalhar as investigações, tanto daqui como do vizinho”, disse.
Os sete detidos, um deles responsável por oferecer a fraude aos comerciantes do Estado, foram indiciados por furto qualificado.
Segundo Tuckumantel, mais de R$ 700 mil de prejuízo foram acumulados pela Elektra com as fraudes. “Era energia suficiente para iluminar uma cidade com 100 mil habitantes, disseram os técnicos”, apontou.
Em nota, a Elektro disse que seus funcionários participaram da operação e além das inspeções em campo, as equipes trabalharam com o cruzamento de dados de consumo e inteligência analítica que permitiram identificar as fraudes. “A Elektro está prestando todo auxilio à Polícia Civil para a realização das operações”, afirma Heron Fontana , gerente de medição da Elektro.
Considera-se furto de energia quando há uma ligação direta na rede elétrica sem o conhecimento e autorização da concessionária de energia. São os conhecidos 'gatos'. Já a fraude ocorre quando o cliente rompe os lacres da sua medição e manipula o consumo no medidor de energia com o objetivo de reduzi-lo.
Ambos são crimes previstos no Código Penal. Também são cobrados os valores retroativos referentes ao período fraudado, acrescidos de multa. Quando a fraude ou o furto são descobertos, o responsável pode ter o seu fornecimento de energia suspenso.
As perdas contribuem para tornar a conta de luz mais cara para todos os consumidores. O valor da energia furtada e os custos para identificar e coibir as irregularidades são levados em consideração pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para estabelecer o quanto a energia custa para cada área de concessão.
Além do impacto na conta de luz, os furtos e fraudes de energia pioram a qualidade do serviço prestado, prejudicando todos os consumidores. As ligações clandestinas sobrecarregam as redes elétricas, deixando o sistema de distribuição mais suscetível a interrupções no fornecimento de energia. “ A punição e a regularização dessas situações não apenas traz cidadania para essa parcela da população, como também beneficia todos os consumidores com um serviço de melhor qualidade”, concluiu Fontana.