Consumidores reclamam de aumento "exorbitante" na fatura de energia
Moradores dos bairros Rita Vieira e Vilas Boas dizem que rotina de consumo não condiz com os valores cobrados
Moradores de Campo Grande já começaram a sentir no bolso o aumento do valor da conta de energia após os picos de calor registrados na cidade em setembro. Segundo relatam os clientes dos bairros Vilas Boas e Rita Vieira, a rotina de consumo não condiz com os valores cobrados. Os dois bairros, inclusive, tiveram o fornecimento de energia afetado durante o "calorão".
A aposentada Silvana Galasso Ruaõ, 70 anos, conta que na casa moram apenas ela o esposo, ambos aposentados, e que o consumo de energia é regulado todo mês. Fora os aparelhos comuns de toda residência, como geladeira, micro-ondas e televisão, a aposentada diz que o único item que utilizou com mais frequência no mesmo passado foi o ar-condicionado. "Durante os picos de calor, acabei ligando ele, das 23h mais ou menos até umas 5h da manhã. Eu uso ele [ar-condicionado] muito pouco".
Silvana relata que paga em média R$ 220 na conta de energia, mas que este mês, o valor saltou para R$ 451. Ela procurou a Energisa para contestar o valor. Durante atendimento, a aposentada relata que foi questionada a respeito da rotina de consumo. "Eu não tenho nada de excepcional, como eles perguntaram. A gente regula o máximo que pode a luz aqui. Até o aspirador de pó eu não tô ligando. Eu usei mês passado duas vezes aqui, mas geralmente uso a vassoura, porque a casa é pequena”.
De acordo com Silvana, a concessionária pediu para que ela contratasse um serviço particular para verificar se a rede de energia da casa está com problema de fuga de luz, mas ela descartou a opção, por não acreditar que seja este o problema. “Se fosse só eu, eu não descartaria. Mas tem dois grupos reclamando ao mesmo tempo, da mesma coisa". O atendimento terminou sem solução, e agora a aposentada aguarda um parecer da concessionária, que deu o prazo de 15 dias úteis para responder.
A secretária executiva Claudelina Franco Olmedo, 45 anos, foi surpreendida quando a fatura do mês chegou com o dobro do valor da fatura anterior. "Mês passado veio R$ 240, e este mês veio R$ 542, ou seja, veio R$ 300 a mais. E não é só eu, são vários [consumidores]”.
Claudelina relata que mora sozinha e passa o dia inteiro fora de casa, então achou o aumento "esquisito". A secretária executiva diz que costuma ligar o ar-condicionado e a televisão apenas no período da noite, antes de ir dormir. “Eu acho que tem alguma coisa errada na conta de luz, e não é só eu quem está reclamando”.
Uma professora aposentada de 63 anos, que não quis se identificar, relatou que não costumam consumir televisão e que só utilizam utensílios como ferro elétrico e máquina de lavar roupas uma vez por semana. “Mês passado pagamos a metade do valor que paguei este mês, e aqui na casa só mora eu e meu marido, como pode ter um consumo elevado desse? Para mim foi um exagero esse valor”.
Instabilidade na rede - A onda de calor que atingiu Mato Grosso do Sul em setembro causou sobrecarga no fornecimento de energia elétrica e deixou 11 bairros sem eletricidade na Capital na semana do dia 26, semana em que foi registrado ainda recorde de consumo de energia. De acordo com a concessionária, os bairros que foram parcialmente impactados com a queda de energia foram o Parque Residencial Rita Vieira, Pioneiros, Monte Castelo, Vilas Boas, Jardim Los Angeles, Universitário, Jardim Parati, Jardim Centenário, Santo Amaro, TV Morena e Carandá Bosque.
A aposentada Silvana Galasso Ruaõ relatou para a reportagem nesta terça-feira (18) que a rua onde mora, no Bairro Vilas Boas, foi afetada pela instabilidade e questiona se os picos de energia possam ter danificado o relógio. "Foi a única coisa que me passou pela cabeça”.
O mesmo questionamento foi feito pela professora aposentada de 63 anos, moradora do Rita Vieira. A professora questiona se as quedas constantes de energia afetaram a leitura do consumo e teme que a nova onda de calor afete o fornecimento novamente. “Vai ser de novo um sofrimento".
A equipe de reportagem do Campo Grande News questionou a Energisa a respeito do aumento na fatura dos clientes das regiões citadas, e se a queda de energia, que ocasionou problema no fornecimento durante os picos de calor, pode influenciar na leitura dos relógios.
De acordo com a concessionária, as contas de energia entregues neste mês de outubro correspondem a um período de aproximadamente 30 dias. “Essa elevação no valor das contas poderia ocorrer, conforme advertido pela concessionária, recentemente, quando detectado recorde histórico de consumo”, explica a Energisa em nota.
A empresa também reforçou que mesmo que os hábitos de consumo das famílias não tenham se alterado, é possível que haja um aumento no consumo de energia devido às altas temperaturas.
“É importante ter em mente que os eletrodomésticos que trabalham principalmente com refrigeração, como ar-condicionado e geladeira, estão trabalhando por mais tempo nos dias mais quentes. E, como consequência, tem-se um maior consumo de energia para manter as temperaturas programadas nos aparelhos”, diz concessionária em nota.
Segunda onda de calor - Uma nova onda de calor começou nesta terça-feira (17), e tem previsão de durar até o dia 24. “Esta onda de calor vai atingir áreas mais centrais do Brasil. Nesta terça-feira, o calor já aumenta em áreas do sul de Mato Grosso, oeste de Mato Grosso do Sul – região do Pantanal, Corumbá e Porto Murtinho – e em cidades do oeste de São Paulo e no Triângulo de Minas”, diz a previsão do Climatempo.
[**] Matéria editada às 17h42, do dia 18 de outubro de 2023, para acréscimo de informações.
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