De escola a loja, invasão "é sofrimento antigo”, diz comerciante furtado 15X
Diretor de escola de cursos relata que em um dia gastou mais de R$ 2 mil para tentar “assustar” os criminosos
“Isso é sofrimento antigo”, diz dono de restaurante que funciona há cerca de 18 anos e foi vítima de furto 15 vezes. Empresários do Centro da Capital relatam terem instalado concertinas até em terrenos vizinhos para tentar proteger seu empreendimento, mas sem sucesso
Há 18 anos, Anderson Santos, de 40 anos, possui um restaurante na Rua Antônio Maria Coelho. O comerciante relata que em um único furto, os criminosos levaram mais de R$ 2 mil em carnes.
“Sempre foi costume [os furtos]. Aqui no Natal eles tiraram a janela, entraram e agora foi pelo telhado. O meu já é a quinta vez em menos de um ano. Quando eu estava no prédio que fica ali mais na frente, fui furtado em torno de 12 a 15 vezes. Essa quadra sempre foi uma quadra muito visada por eles”, diz.
Para tentar evitar novos furtos, Anderson relata que trocou o sistema de vigilância por um vigia noturno que passa de 30 em 30 minutos pelo comércio. Porém, os furtos continuaram. Outra mudança foi a instalação de lanças no portão do terreno ao lado do restaurante, que estava desocupado na época.
“No começo eu fazia boletim de ocorrência, agora não faço mais. Não faço porque eu perco meu tempo indo lá, não vai adiantar nada, porque não tem um retorno, não tem uma volta, nunca pega ninguém, TV não aparece, aqui já pegaram mais de quatro TVs”, relata.
Em contrapartida, ainda há quem se indigna com a situação, mas continua cobrando e registrando boletim de ocorrência. Alexandre Vinhaes, de 39 anos, relata que nos seis meses em que sua escola de cursos técnicos funciona, o local já foi invadido duas vezes.
O último furto aconteceu nesta segunda-feira (27), quando os criminosos levaram fiação e tubulação de quatro ares-condicionados. Alexandre relata que a situação só foi percebida quando parte da tubulação do equipamento voou para o estacionamento. “Eu fiquei revoltado com a situação natural, né? A gente rala como empresário para construir uma uma questão dessa e simplesmente ver as coisas voando”.
Para afugentar os criminosos, o diretor da escola relata que passou o dia procurando por uma empresa de monitoramento e conversando com o chefe de segurança do local para a instalação de mais câmeras. Com o conserto dos equipamentos e os reforços de segurança, o empresário estima que gastará mais de R$ 3 mil reais apenas hoje.
“A gente vai para o comandante da Polícia Militar, a gente leva o boletim de ocorrência, a gente vai se focar para receber os órgãos que a gente paga os impostos, todos os possíveis amigos que a gente tem nessa rede e a gente vai fazer total efeito. Porque senão vão continuar vindo e vão continuar arrombando”, comentou sobre ações que pretende fazer.
Além de cuidar do próprio estabelecimento, Alexandre diz que também instalou concertina em um prédio vizinho da sua escola. O objetivo era dificultar o acesso ao seu empreendimento.
“Eu vim para Campo Grande porque em Recife está um caos. Vai virar um caos também em Campo Grande? [...] A gente vê [policiais de] bicicleta de manhã, duas ou três bicicletas passam aqui, mas e o arredor? E o preventivo? E a noite?”, cobra o empresário.
Procurada pelo Campo Grande News, a Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social informou que “a Guarda Civil Metropolitana atua como uma força de segurança auxiliar, apoiando as demais forças de segurança pública da Capital. As rondas incluem ruas, áreas comerciais, espaços públicos e prédios da prefeitura”.
A nota recebida relata que a população pode entrar em contato com a GCM para realizar denúncias através do 153. “Vale ressaltar ainda que no que diz respeito ao policiamento ostensivo, como no caso citado, é de competência da Polícia Militar, do Governo Estadual”.
Para a reportagem a PMMS (Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul) informou que tem realizado rondas preventivas diuturnamente na região, usando também as unidades especializadas, como o Batalhão de Choque e BOPE.
“Rondas e abordagens de indivíduos e veículos em atitude suspeita ocorrem durante todo o dia e noite, bem como o atendimento das chamadas de emergência via 190. Assim, as viaturas estão constantemente em patrulha, em toda a nossa Capital, e em todo o estado”.
A PM ainda reforça a importância do registro de ocorrências, pois o policiamento é realizado com base na análise de dados estatísticos, extraídos dos Boletins de Ocorrências e também dos atendimentos à comunidade local.
“É imprescindível que os moradores repassem esse tipo de informações sobre eventuais problemas, diretamente às equipes policiais ou registrem eventuais crimes na delegacia da região, de modo que os órgãos de segurança possam tomar conhecimento desses fatos e atuar de forma mais precisa. A ausência desse registro dificulta a atuação policial de modo a otimizar as regiões mais afetadas, ou quais pessoas e/ou comunidades estão com determinadas situações que necessitem uma atuação específica da PMMS.”, diz trecho da nota.
Ainda é informado que a unidade responsável pela região foi informada sobre os relatos da reportagem para que possam aplicar as ações necessárias. A área central é monitorada pelo 1º Batalhão de Polícia Militar, que fica localizado na Rua 26 de Agosto, nº 613, em frente ao Mercadão Municipal.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.