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Capital

Delegado diz que pistoleiros ficavam longe de Name, mas garante que elo existe

João Paulo Sartori, delegado da Omertà, deu explicação sobre o funcionamento de organizações criminosas

Anahi Zurutuza e Bruna Marques | 18/07/2023 11:16
Delegado João Paulo Sartori conversa com PMs na porta do Tribunal do Júri (Foto: Henrique Kawaminami)
Delegado João Paulo Sartori conversa com PMs na porta do Tribunal do Júri (Foto: Henrique Kawaminami)

O delegado João Paulo Sartori, um dos integrantes da Operação Omertà, a ofensiva contra organização criminosa comandada por Jamil Name e Jamil Name Filho, foi o primeiro a responder perguntas feitas pelos jurados durante o julgamento de Jamilzinho e outros dois réus pela morte de Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos.

Um dos integrantes do júri popular quis saber se a investigação conseguiu provar a ligação entre os pistoleiros apontados como os executores do jovem estudante de Direito – José Moreira Freires, o "Zezinho", e Juanil Miranda – e os Name. O delegado explicou que é difícil encontrar laços consistentes entre mandantes e assassinos de aluguel quando se trata de estrutura para crimes bem organizada, mas que a Omertà conseguiu achar elos.

Sartori se lembrou, por exemplo, de depoimento de testemunha que disse ter sido apresentada a Zezinho por Vladenilson Daniel Olmedo, um dos réus neste julgamento, como “o pistoleiro dos Name”.

Delegado Sartori entrando no plenário para depor (Foto: Henrique Kawaminami)
Delegado Sartori entrando no plenário para depor (Foto: Henrique Kawaminami)

Depois, o juiz Aluízio Pereira dos Santos, que preside o julgamento, traduziu a curiosidade dos jurados: “eles trabalhavam para os Name? Frequentava a casa deles? Em resumo, é isso aí”. O delegado, então, deu explicação sobre a falta de ligação direta entre Jamilzinho e os sicários.

“Não, porque isso é uma prática comum em organizações criminosas grandiosas, como esta o era, e que têm uma base piramidal. Quem está na base dessa pirâmide não tem contato com quem está no topo dessa pirâmide, quem controla essas organizações criminosas.”

Por fim, Sartori fez recorte também de depoimento de outra testemunha, ligada a Juanil, que disse aos delegados da Omertà que o investigado “trabalhava matando gente”.

Defesas – O delegado do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos, Assaltos e Sequestros) também respondeu a perguntas feitas pelas defesas de Jamilzinho, Marcelo Rios e Vladenilson. Os advogados de Rios e “Vlad”, acusados de serem os gerentes do grupo de extermínio formado pelo clã Name e de terem planejado o assassinato de Paulo Xavier, pai da vítima, fizeram perguntas sobre as ligações dos clientes com supostos outros crimes cometidos pela organização, falta de perícia em equipamento e falta de aprofundamento em detalhes da investigação.

Já a defesa da Jamilzinho quis saber detalhes sobre a estada de Eliane Benitez Batalha dos Santos, mulher de Marcelo Rios, no Garras, quando ela ainda era considerada testemunha-chave para a força-tarefa e chegou a dar depoimento gravado falando das ligações do marido com os Name e a morte de Matheus.

Com Nefi Cordeiro, o ex-ministro do STJ (Superiro Tribunal de Justiça) que faz parte da defesa de Jamilzinho, houve troca de fardas. Educadamente, ele acusou os delegados da Omertà de estarem fazendo interpretações sobre o inquérito em seu depoimento. “O senhor é a 5ª testemunha que está vindo aqui interpretar o inquérito. Até agora, salvo o pai da vítima, estamos ouvindo policiais que vêm nos falar o que temos nos autos”.

O promotor Moisés Casarotto interferiu, defendendo a força-tarefa, e o advogado replicou: “É justamente isso que vai ser discutido, porque quem faz interpretação dos autos são os juízes, os advogados, promotores. As testemunhas têm de lembrar-se do que viram e o senhor está tentando fazer o melhor possível para lembrar-se de um depoimento que leu numa grande investigação”.

O júri – Nesta segunda-feira (17), primeiro dia do júri, foram ouvidas cinco testemunhas da acusação: os delegados Daniella Kades, Tiago Macedo e Carlos Delano. O pai da vítima, Paulo Xavier, também foi ouvido e, por fim, o investigador da Polícia Civil, Giancarlos de Araújo e Silva.

O foco da defesa, em todos os casos, foi tentar desvencilhar a família Name do caso, citando inclusive ligação entre o major reformado da PM e megatraficante Sérgio Roberto de Carvalho e Paulo Roberto Xavier, pai de Matheus.

Nesta terça-feira (18), além de Sartori, também serão ouvidas testemunhas de defesa, entre elas a esposa de Rios, Eliane Batalha.

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