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Capital

Depois de 11 facadas, mulher de 30 anos comemora a vida em casa

Dona de casa recebeu alta após 19 dias internada, em uma recuperação surpreendente; ataque aconteceu no Jd. Carioca

Silvia Frias e Clayton Neves | 20/08/2019 10:48
No pescoço, os pontos que serão retirados no fim do mês (Foto: Clayton Neves)
No pescoço, os pontos que serão retirados no fim do mês (Foto: Clayton Neves)

Sentada no sofá da sala, a dona de casa de 30 anos, ainda se restabelece do ataque que sofreu no dia 29 de julho, no Jardim Carioca. Ela foi rendida e esfaqueada 11 vezes, sendo três golpes no pescoço. A recuperação aconteceu em surpreendentes 19 dias e, depois de receber alta, relembra o que passou. “É um milagre eu estar aqui”.

As marcas pelo corpo ainda são recentes, mas a rápida recuperação permitiu que recebesse alta no sábado (17). A informação inicial era de que ela havia sido atingida por 14 facadas, mas corrigiu, dizendo que foram 11. No pescoço, são visíveis os pontos e a traqueostomia feita durante os nove dias em ficou internada na CTI (Centro de Tratamento Intensivo) da Santa Casa. A previsão é que os curativos sejam retirados no fim do mês.

Ela recebeu a reportagem enrolada em cobertor, na sala. Os três filhos, de 7, 12 e 13 anos, faziam companhia, mas foram para o quarto enquanto depois da chegada da equipe.

Com fala pausada e tranquila, contou que iria visitar a cunhada quando foi atacada na passarela de acesso ao Núcleo Industrial. “Ele me abordou por trás, não consegui ver direito, ele me vendou”, disse, explicando que tem “flashes” dos que aconteceu e não deu mais detalhes das feições do homem.

“Ele era muito frio, não falou muito, só me mandou calar a boca”. Ela foi arrastada para área de matagal. O ataque durou pouco tempo, mas, não soube precisar quanto. A dona de casa diz que ele tentou estuprá-la, mas, não conseguiu. Logo depois, as facadas: foram três no pescoço, uma que transpassou a mão e o resto na região do abdômen. Depois, ele fugiu.

“Quando eu comecei a perder as forças, pedi a Deus para me ajudar”. Ela conta que conseguiu levantar e deu alguns passos de volta para a passarela, caindo novamente. “Pedi de novo a Deus para me deixar chegar na beirada da passarela, para levantar e pedir socorro”.

Ela conseguiu chegar até a passarela, avisou uma mulher e acenou, sendo socorrida.

O marido, de 31 anos, estava no trabalho e contou que recebeu ligação de número desconhecido. “Senti uma coisa estranha, resolvi atender”, lembra. Era da testemunha que havia socorrido a esposa, relatando o que aconteceu. “A vida muda de cabeça para baixo”.

A dona de casa permaneceu 19 dias internada. O marido contou que a situação era grave e os médicos se surpreenderam com a evolução do quadro clínico, logo depois das primeiras 24h. O casal é evangélico e credita essa recuperação a corrente de orações que se espalhou por vários Estados e até fora do país. “Fiquei sabendo de orações no Peru, Paraguai, Argentina e EUA pela minha esposa”.

Para ele, o que fica agora é a “gratidão de Deus pela vida da esposa”. Sobre o agressor, diz que “está na mão de Deus e que ele vai tomar conta”. O casal está com medo, por conta da repercussão do caso e do grande número de pessoas que foi até a casa deles, prestar solidariedade.

O caso está sendo investigado pela Deam (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher). Cerca de 500 metros de distância do trecho em que ela foi atacada, outra mulher foi ferida, também a facadas, em ponte improvisada usada para dar acesso ao Núcleo Industrial.

A população fez protesto pedindo mais segurança no Jardim Carioca, depois desse recente ataque. A assessoria da PM (Polícia Militar) informou que a segurança no bairro foi reforçada e que a equipe de inteligência está fazendo monitoramento para acompanhar a situação no bairro e reduzir os índices de criminalidade.

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