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Capital

Depois de golpes que beiram R$ 800 mil, estelionatário é preso em MS

Francisco Júnior e Paula Maciulevius | 10/08/2012 11:55

"Eu preciso delas e elas me ajudam", diz Valfrido Gonzales sobre as vítimas. Ele já se passou até por bispo de Campo Grande para enganar e arrancar dinheiro das pessoas

Durante apresentação, ele debochou das pessoas que caíram em sua lábia. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Durante apresentação, ele debochou das pessoas que caíram em sua lábia. (Foto: Rodrigo Pazinato)

O estelionatário Valfrido Gonzales Silva, de 33 anos, acusado de aplicar golpes que beiram os R$ 800 mil, foi apresentado pela Polícia Civil na 1ª Delegacia de Campo Grande na manhã desta sexta-feira (10). Ele acabou preso no último dia 8 ao registrar um boletim de ocorrência por extravio de documento.

Valfrido usava identidade de um primo, já que estava com mandado de prisão em aberto, também por estelionato. A prisão foi feita por uma equipe da Dedfaz(Delegacia de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações, Falimentares e Fazendários). Para conseguir dinheiro, ele já se passou até pelo bispo emérito Dom Vitório Pavanello.

Conforme o delegado Wellington de Oliveira, da 1º Delegacia de Polícia, só em Campo Grande a estimativa é de que Valfrido tenha conseguido pelo menos R$ 40 mil com os golpes que aplicava. Investigação aponta que nos últimos seis meses ele fez 12 vítimas. Entre as suas vítimas estão médicos, clinicas e hospitais do município.

“Ele aplicava o golpe da desgraça. Sempre contava um fato triste e pedia a colaboração das vítimas, principalmente donos de clínicas e hospitais”, disse o delegado relatando que Valfrido sempre ligava de celular e se passava por alguém importante, com prestígio.

“Se passava por médico, superintendente, por alguém superior e determinava o depósito imediato. Sempre contava algo de terrível que havia ocorrido de terrível e que não poderia sair dali”, explicou o delegado. O acusado informava uma conta da Caixa Econômica Federal para poder sacar o dinheiro em casas lotéricas.

Para conseguir informações das vítimas, Valfrido contava com a ajuda da mulher, Márcia Aparecida Padilha, 33 anos, que trabalhava em um hospital de Campo Grande.

Ela passava dados de clínicas, dos médicos, como funcionava o atendimento nos locais. Márcia também foi presa.

Em Campo Grande, são seis inquéritos policiais instaurados para investigar a ação do estelionatário. Mas, segundo Wellington de Oliveira, ele já fez vítimas nos Estados de São Paulo e Paraná.

Márcia ajuda o marido nos golpes. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Márcia ajuda o marido nos golpes. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Cara de pau- Com uma lábia impressionante, durante a apresentação à imprensa, Valfrido se propôs a simular a maneira como aplicava os golpes. Se gabando das vítimas que fez, disse que pegava dinheiro somente de pessoas com estabilidade financeira.

“Eu respeito muito, são pessoas muito bondosas, amáveis, que ajudam quem realmente necessitam e eu preciso delas”. Ele disse ainda que conseguiu R$ 30 mil do prefeito da cidade Limeira (SP) ao se passar por desembargador.

O estelionatário disse que gosta de se passar por padre e pastor. Maneira mais fácil de conseguir enganar as pessoas. Rindo, disse que já “ganhei muito dinheiro se passando por Dom Vitório”.

“Meus crimes são todos premeditados, se não eu não ganho”, acrescentou dizendo que aplicou o dinheiro que já conseguiu com os golpes e que gastou parte com viagens e roupas.

Irônico, Valfrido disse que quando sair da cadeia quer fazer faculdade de Direito e pretende “contar com ajuda das pessoas”.

Após a apresentação, ele foi encaminhado para o Presídio de Trânsito.

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