“Desespero foi grande”, conta moradora que teve barraco destruído por incêndio
O fogo começou no lixão da região e se espalhou para a área de barracos da favela. Pelo menos dois foram destruídos
Antes que conseguisse impedir, Lucilene Camargo Sales, de 38 anos, viu o fogo invadir o barraco em que mora na Favela da Conquista e destruir parte de suas coisas na tarde desta quarta-feira (30), no Jardim Noroeste. “O desespero foi grande, comecei a tremer”, resumiu a mulher, que divide o espaço com o esposo e os três filhos, de 14, 17 e 19 anos.
O fogo começou no lixão da região e se espalhou para a área de barracos da favela. O primeiro a ser atingido foi o vizinho da mulher. Não havia ninguém no local, que ficou completamente destruído. Com o vento, as chamas passaram para a lona que cobria a casa de Lucilene. Logo o quarto dos filhos dela, que por sorte estava vazio, foi tomado pelas chamas.
“Escutei estralando tudo e vi que estava pegando fogo. Começamos a jogar água lá atrás. Dar uma segurada. Entrei em desespero. Os vizinhos me ajudaram a tirar os documentos, o botijão, colchão e coberta”, narrou.
No momento, apenas à mulher e o filho mais novo estavam em casa. Mesmo com ajuda, não deu para salvar tudo. As roupas foram completamente consumidas no incêndio.
“Comecei a tremer, meu filho disse que se tivesse sozinho não sabia o que fazer”, lembra. Equipes do Corpo de Bombeiros e moradores da favela se uniram na tentativa de impedir o avanço das chamas. Ainda assim, o vento dificulta os trabalhos e o fogo segue em direção à Rua Terra Vermelha.
A Favela da Conquista reúne 210 barracos, segundo os moradores, mais de mil crianças vivem no local. Nesta tarde, até os pequenos se uniram aos adultos para evitar a destruição das próprias casas. Em meio ao desespero e do nervoso, a equipe de reportagem encontrou Maria do Socorro Batista, de 76 anos.
Ela divide o barraco com outras sete pessoas, uma delas um bebê de 2 anos. Sem ter o que fazer, a família viu o fogo se aproximar e correu tirar tudo que podia de dentro do imóvel, na esperança de salvar o máximo possível caso o fogo chegasse. “Agora eu não durmo de noite mais. Agora fico com medo de pegar fogo de noite. Deus me dê condições de sair dessa situação”, desabafou.
Para chegar nos focos de incêndio com maior precisão, os militares usam bombas costais com água e abafadores. A fumaça toma conta da rodovia BR-163 e exige atenção dos motoristas que passam pelo local.