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Capital

"Ele só quis me ajudar": menina conta que pediu apoio do padrasto para sumir

Menina de 11 anos não queria morar "nem com a mãe, nem com o pai" e ficou na casa de parentes do padrasto

Silvia Frias e Bruna Marques | 03/05/2022 11:15
Menina foi à policia com a mãe para conversar com delegada (Foto: Henrique Kawaminami)
Menina foi à policia com a mãe para conversar com delegada (Foto: Henrique Kawaminami)

“Ele só quis me ajudar”. Foi o que justificou a menina de 11 anos que havia desaparecido no domingo (1º), do Jardim Itamaracá e foi localizada ontem (2), sob os cuidados do padrasto, na casa de parentes dele. A garota prestou depoimento hoje na Depca (Delegacia Especalizada de Proteção à Criança e ao Adolescente).

A família havia acionado a polícia depois que a menina sumiu na manhã de domingo, da casa da mãe, de 28 anos, onde estava passando o fim de semana. A busca se estendeu às redes sociais, com fotos da garota e o pedido de ajuda de parentes.

Ontem, depois que o caso ganhou proporção, o homem, marceneiro de 25 anos, confessou para a patroa que estava com a menina. A mulher avisou a mãe da criança, que entrou em contato com a Polícia Civil.

A menina foi ouvida por equipe psicossocial na delegacia esta manhã. Ela chegou acompanhada da mãe, que carregava nos braços o filho de 11 meses, fruto de relacionamento com o marceneiro.

Mulher desconfiou do marido: "passou dia quieto", disse. (Foto: Henrique Kawaminami)
Mulher desconfiou do marido: "passou dia quieto", disse. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Eu era convivente dele até ontem”, contou a mulher esta manhã. O casal estava junto há 3 anos, mas, segundo a mulher, estava em processo de separação desde o fim do ano passado.

A mãe da criança relatou ao Campo Grande News que, em comum acordo, a guarda é do pai e, aos finais de semana, ela recebe a visita da filha.

No dia do desaparecimento, acordou por volta das 10h e com questionamento do filho de 7 anos. “Mãe, cadê a **?”. A mulher disse que ela deveria estar no quarto, mas o menino falou que não.

A mulher disse que ligou para o marido, que havia saído cedo para ir até a casa da mãe. “Pedi para ele trazer a menina de volta, mas ele falou que não estava com ela”, contou. Foi até o quarto da filha e notou que a mochila com as roupas dela também não estava lá.

Depois de não encontrar a garota, acionou a polícia. O marido também voltou para casa e chegou a ajudar nas buscas, saindo de bicicleta pelo bairro.

Ex-padrasto, mãe e irmão serão indiciados, diz delegada. (Foto: Henrique Kawaminami)
Ex-padrasto, mãe e irmão serão indiciados, diz delegada. (Foto: Henrique Kawaminami)

Buscas – No depoimento prestado à polícia, a menina falou que pediu ajuda do padrasto porque “não queria morar nem com a mãe, nem com o pai”. A garota não esclareceu o porquê de não querer mais viver com eles.

Cedo, foi levada para a casa da mãe do padrasto e, depois, para onde o irmão dele morava.

Enquanto isso, a família fazia as buscas e a mãe desconfiava que o marido tivesse algum envolvimento. “No domingo ele ficou frio, não demonstrou preocupação, não chorou, passou o dia todo quieto”, disse. Depois de sair de bicicleta, voltou para casa e dormiu durante a tarde e a noite, segundo ela.

Ontem, ele foi ao trabalho e, chorando, contou para a patroa que a menina estava com ele. A dona da marcenaria deu prazo de 1 hora para que contasse à esposa o que tinha acontecido e, como ele não o fez, entrou em contato com a mãe da menina.

A mulher entrou em contato com a Depca e, depois, para o marido. “Ele falou que estava com advogado e iria para delegacia com a menina”.

O agora ex-casal não se encontrou na delegacia. "Ele estava sendo ouvido, eu fiquei aqui fora". Hoje, foi convocada para voltar e prestar depoimento, junto com a menina.

A delegada disse que, inicialmente, a mãe e o irmão do marceneiro serão indiciados por favorecimento pessoal, por terem ajudado a esconder a menina. O ex-padrasto por subtração de incapaz.

Segundo Fernanda Mendes, a menina não relatou qualquer violação de direito, mas, por cautela, será submetida a exame sexológico, sendo encaminhada para o Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).

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