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Capital

Em 12 anos, população viu tarifa aumentar 66% e ônibus diminuírem de tamanho

Consórcio Guaicurus tenta se adaptar com uso de novas tecnologias, mas há limitações impostas em contrato

Por Kamila Alcântara e Izabela Cavalcanti | 02/04/2024 18:10
Dianteira dos 71 novos veículos que entraram começaram a circular em 2023. (Foto: Marcos Maluf/arquivo)
Dianteira dos 71 novos veículos que entraram começaram a circular em 2023. (Foto: Marcos Maluf/arquivo)

A primeira vez que o campo-grandense pagou para andar de transporte coletivo foi em julho de 1999 e custou R$ 1. De lá pra cá, muita coisa mudou e, nos 12 anos de contrato da Prefeitura com o Consórcio Guaicurus, a população viu o dinheiro sair de circulação dentro dos coletivos, questionam a falta de ar-condicionado, alguns optaram pelas motos e a passagem sofreu inflação de 66%.

Para os mais novos, é importante recordar que, de 1999 até 2012, os ônibus da Capital eram gerenciados pelas empresas Viação Cidade Morena, Viação São Francisco, Jaguar Transportes Urbanos e Viação Campo Grande. O Consórcio Guaicurus surgiu na união delas, adquirindo o direito de operar o transporte coletivo após o processo licitatório 082/2012. Isso permitiu a modernização do serviço, onde tudo que é empregado depende do aval da contratante, a gestão municipal.

Nesses mais de 9 mil dias de história do transporte coletivo na Capital, dois fatos são marcantes: a saída dos cobradores nas catracas em 2009 e, anos depois, a obrigatoriedade do uso dos cartões magnéticos, que retirou por completo a circulação do dinheiro. O diretor de operações do consórcio, Paulo Oliveira, lembra que era quase inconcebível aceitar o fim das moedas.

"Quem é mais novo não vai se lembrar, mas o nosso maior problema eram os assaltos em ônibus. Retiramos o dinheiro, foi difícil para a população, só que conseguiu se adaptar e já são dez anos sem assaltos nos coletivos de Campo Grande. O uso exclusivo de cartões aqui também se tornou referência nacional, foi pioneiro", lembra Paulo.

O atual contratado em exercício, com normas exigidas pela Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande), traz algumas limitações, como modelo de veículos, tipos de elevadores para cadeirantes, horários e linhas seguidas pelos motoristas. Inclusive, quando o motorista passa atrasado ou adiantado em um ponto, sem justificativa, a gestão municipal é avisada por informes e a menor multa é de R$ 353.

Funcionária do Consórcio Guaicurus aprensenta o sistema de monitoramento dos ônibus (Foto: Marcos Maluf)
Funcionária do Consórcio Guaicurus aprensenta o sistema de monitoramento dos ônibus (Foto: Marcos Maluf)

E tudo é documentado! O Consórcio Guaicurus conta com o CCO (Centro de Controle Operacional) e, por lá, todas as situações do transporte coletivo são acompanhadas em tempo real. Cada embarque, desembarque, desvio, trajeto, aceleração ou diminuição da velocidade e até mesmo os acidentes. Além disso, cada passageiro que passa na catraca tem a identificação registrada.

Condição dos ônibus - De acordo com o contrato vigente, a frota deveria ter idade média de cinco anos, mas está beirando os sete e o máximo é dez. O tamanho dos veículos também teve alteração, alguns até diminuíram, por conta da baixa no público dependente daquela linha. Segundo Paulo, há percursos que chegam a receber apenas 30 passageiros durante o dia todo.

Outra questão são os ares-condicionados. Os que ainda possuem estão sempre na manutenção, pois o motor que faz a refrigeração está localizado no teto, sendo frequentemente atingido por galhos de árvores. Fora que os locais de embarque atuais não possuem cobertura ou climatização, como nas grandes cidades, tornando a entrada e saída de passageiros uma eterna "descompensação" de temperatura em ambiente fechado.

"Imagina um veículo que tem três portas e a cada 500 metros se abrem. Ainda há pontos a serem considerados como cobertura, que faz o passageiro subir com o corpo quente, dentro de um espaço onde o outro está se refrescando. É impossível fazer essa compensação térmica constantemente, principalmente no horário de pico. Só isso traz um custo 30% maior", detalha o diretor.

Centro de Controle Operacional do Consórcio Guaicurus (Foto: Marcos Maluf)
Centro de Controle Operacional do Consórcio Guaicurus (Foto: Marcos Maluf)

Desafios para o futuro - Amplamente divulgado, o maior impasse é que haja aumento gradativo das tarifas, com data base no mês de março. Isso está pontuado no contrato e vem causando brigas judiciais entre o Consórcio e a Agereg, em que o consumidor é o maior prejudicado.

Por fim, a empresa espera que um dia o trânsito seja pensado para o transporte público e não para o uso particular. Como nas grandes capitais, em que ônibus ou trens ocupam os seus espaços e os carros de passeios outras vias. Isso tornaria o deslocamento mais seguro para todos, inclusive a diminuição das motos nas ruas.

“Hoje, nossas ruas estão lotadas de motos, que não possuem qualquer segurança, porque as pessoas compram para chegar mais rápido em casa. Se tivermos linhas exclusivas funcionando, o percurso será mais rápido, o deslocamento será mais rápido. Em São Paulo, por exemplo, é melhor se deslocar de metrô ou ônibus do que com carro particular, porque lá o trânsito foi pensado para atender o transporte público. Aqui, nem as faixas da Avenida Afonso Pena foram feitas para caber o ônibus”, compara Paulo.

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