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Capital

Em audiência, Nando nega assassinato, mas admite que ajudou a ocultar corpo

Segundo a justiça, o réu e dois comparsas assassinaram Aparecida Adriana da Costa, a Malu, em agosto de 2014

Geisy Garnes | 14/11/2018 18:15
Nando está preso desde dezembro de 2016 (Foto: Arquivo)
Nando está preso desde dezembro de 2016 (Foto: Arquivo)

Em mais um depoimento a justiça, Luiz Alves Martins Filho, o Nando, negou ter cometido uma série de assassinatos no Bairro Danúbio Azul. Nesta quarta-feira (14), diante do juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri o suspeito atribuiu a morte de Aparecida Adriana da Costa a um adolescente, de 16 anos, e afirmou apenas ter ajudado e ocultar o corpo.

Essa é a terceira audiência sobre o morte da mulher, conhecida como Malu. Nando, que passo por tratamento para tuberculose, foi ouvido por videoconferência pelo juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida.

Mais uma vez ele negou, não apenas a morte de Malu, mas todos os assassinatos pelos quais responde como autor - 17 casos, como ele mesmo lembrou ao juiz. No entanto, diferente dos demais crime, que Nando atribui a Jeová Ferreira Lima, conhecido como “Vasco”, ele afirmou que o assassino da mulher foi cometido por um adolescente.

Nando contou que no dia 2 de agosto de 2014 saiu para “dar uma volta no bairro” de carro com o adolescente, a vítima e Claudinei Augusto Orneles Fernandes, de 26 anos. A ideia de chamar Malu, segundo ele, partiu do autor do crime, que após um tempo pediu para ele parar em um terreno, pois queria “fazer xixi”.

Foi ali, conforme Nando, que o adolescente teria brigada com Malu e a matado com um chuço - uma faca artesanal. O réu reafirmou que pediu para o suspeito parar e que ele e Claudinei não participaram do crime, mas com a vítima já morta, a colocaram no porta-malas do veículo e a levaram para o lixão, local que ficou conhecido como “cemitério do Nando”.

Questionado sobre quem teve a ideia de esconder o corpo, ele respondeu. “Não vou mentir pro senhor, eu tive a ideia”, revelou. “Jamais ia matar uma pessoa para vir parar atrás das grades, sofrer o que estou sofrendo”, tentou defender ao juiz.

Ao juiz, ele ainda afirmou que o adolescente “já estava com a ideia de matar” quando saiu de casa e que ajudou a esconder o corpo por medo de alguém ter visto ele junto com o assassino.

Nando ainda negou que a motivação do crime foi vingança a furtos cometidos por “Malu” e defendeu que ela foi assassinada por ter participado da morte do irmão do adolescente. “Cuido do que é meu doutor, não cuido do que é dos outros. Ela nunca mexer com o que é meu”, disse, contrariando a versão de “justiceiro” que defendeu em várias entrevistas quando preso em 2016.

A todo momento, Nando falou sobre seu estado de saúde, o risco de “perder” a bexiga e de sua inocência. “Fui preso em 1986 por um estupro que não aconteceu. Estou preso porque tentei derrubar três policiais civis. Fui torturado na delegacia, arrancaram meus testículos, colocaram agulhas nos meus testículos”, afirmando que estava preso até hoje pelo crime que aconteceu há 32 anos.

“Eu peço para que esses casos sejam julgados o mais rápido possível, para colocar o Vasco na cadeia, ele que é o dono desses crimes. O outro juiz não acredita em mim por causa das coisas que ele falou”, disse antes de voltar para a cela do Instituto Penal de Campo Grande.

Audiências - O adolescente de 16 anos e Claudinei Augusto Orneles Fernandes prestaram depoimento no dia 29 de outubro. O mais novo confessou participação no crime e apontou o envolvimento de cada comparsa. Já Claudinei negou todo o crime e até mesmo proximidade com Nando.

Durante a audiência, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida ainda determinou que o laudo psiquiátrico de Nando, feito em fevereiro deste ano pelo médico psiquiatra Rodrigo Abdo, seja anexado no processo. No documento, o serial killer é diagnosticado com transtorno da personalidade dissocial grave e transtorno da personalidade paranoica grave, ou seja, psicopatia grave.

O laudo, defende ainda que o réu era inteiramente capaz de entender o caráter criminoso de cada caso, e por isso deveria continuar “afastado da sociedade”. Agora o juiz deu prazo para as alegações finais do caso e após a manifestação do Ministério Público e da defesa, deve decidir se Nando vai ou não a júri popular.

O crime - Segundo as investigações da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), no dia 2 de agosto de 2014, Nando e Claudinei, com a ajuda do adolescente de 16 anos, atraíram “Malu” para a região do Jardim Veraneio e lá à mataram asfixiada com um correia da máquina de lavar.

Na época com 37 anos, a vítima também foi ferida com golpes de uma barra de ferro e depois de morta, amarrada pelo pés em um carro e arrastada por cerca de 350 metros, até o local em que foi enterrada, na região conhecido por servir de “cemitério clandestino” para o grupo.

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