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Capital

Empresário tem fábrica de cadeiras dentro de presídio há três anos

Luana Rodrigues | 01/04/2017 18:26
Empresário tem fábrica de cadeiras dentro de presídio há três anos
Presos durante produção das cadeiras. (Foto: Reprodução/ Agepen)

Das mãos de internos da Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande saem cadeiras de fio utilizadas em muitas residências de Mato Grosso do Sul e até mesmo de outros estados. Da matéria-prima em estado bruto ao produto totalmente acabado, preparado para a venda, há três anos, a oficina instalada no presídio tem garantido aos custodiados trabalho remunerado e redução da pena.

A iniciativa acontece por meio de parceria entre a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e a empresa Pilatte Cadeiras, e tem evoluído consideravelmente nesse período, quadruplicando o número de trabalhadores no local.

“No começo a gente tinha quatro internos trabalhando e fazíamos apenas a aplicação dos fios nas cadeiras. Com o tempo fomos ampliando, fazendo benfeitorias na estrutura da oficina, como a instalação de cobertura e parede divisória, e hoje já temos 16 trabalhadores”, comentou ao Portal do Governo do Estado, o empresário Luiz Carlos Pilatte, dono da empresa parceira.

Segundo ele, atualmente todo o processo de produção é realizado na penitenciária. “Levamos os ferros para a estrutura e o pó de polietileno para a fabricação dos fios. No presídio, eles fazem a dobra, soldam e pintam os ferros, fabricam os fios na máquina e depois os enrolam nas cadeiras”, detalha. Conforme o empresário a produção média diária varia entre 130 e 150 cadeiras.

De acordo com o portal, pelo trabalho, cada reeducando recebe ¾ do salário mínimo vigente e diminuição de um dia na pena a cada três trabalhados, como estabelecido pela Lei de Execução Penal. A seleção é feita por uma equipe técnica do presídio, sendo avaliado, entre outros critérios, o bom comportamento. Na oficina, eles passam por um período de treinamento.

O local funciona como uma empresa mesmo, cada trabalhador tem uma meta de produção a cumprir, demonstrando comprometimento com o trabalho. “Estou muito contente, realizam um serviço de muita qualidade, nunca tive problemas. Desde que iniciei os trabalhos no presídio só foi necessária a substituição de um interno que não se adequou”, comenta Pilatte.

Para trabalhar com os detentos, ele revela que teve que superar muitos preconceitos e o medo, mas garante que valeu a pena a aposta. “Antes tinha uma visão muito diferente, jamais contrataria, agora estou satisfeito com os resultados”, assegura, revelando que tem um ex-detento da Máxima, hoje em cumprimento do regime semiaberto, trabalhando em sua loja. “Ele trabalhou aqui na oficina e agora me ajuda na parte de distribuição de cadeiras, realiza pequenas reformas e demais serviços de apoio. É um ótimo funcionário”, afirma.

De acordo com o diretor da penitenciária, João Bosco Correia, tem-se buscado na unidade prisional oportunizar trabalho aos reeducandos, de acordo com as possibilidades de segurança, para estimular a ressocialização. Além da fábrica de cadeiras de fios, os custodiados atuam na cozinha industrial, padaria, tapeçaria, oficina mecânica, funilaria, reciclagem, em serviços de manutenção e limpeza.

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