Enquanto motoristas de aplicativo comemoram, mototaxistas penam no tempo frio
Dois lados de um mesmo cenário mostram quem ganha e quem perde quando a temperatura cai na Capital
O tempo frio e chuvoso, além de dificultar a vida da população, pode impactar diretamente o lucro de profissionais que precisam de condições específicas para trabalhar, como mototaxistas e as sorveterias. Quem ganha com a situação são aqueles que aproveitam do mau tempo para faturar mais. É o caso dos motoristas de aplicativo e lojas de eletrodomésticos que vendem aquecedores.
Do lado dos que perdem com o cenário está Neide Freitas, de 58 anos, mototaxista há 27 anos no ponto entre Afonso Pena e a Rua 14 de julho. Ao Campo Grande News ela revela que não conseguiu trabalhar segunda, terça e quarta-feira. “Sabia que seria muito ruim, por isso não vim. Quando faz frio e chove, é muito pior que quando faz calor e chove, porque a sensação é ainda pior.
Neide acrescenta que na segunda-feira (12), alguns amigos ainda tiveram coragem de trabalhar e que o dia só foi lucrativo devido ao dia dos namorados. “No dia a dia, faço mais de 20 corridas por dia, mas no frio e chuva cai praticamente 100%. A demanda é zero. Apesar de ainda estar frio, por ter sol o movimento já melhorou”, comenta.
Ainda na avenida, Monise Cedran, de 30 anos, explica que o movimento na sorveteria cai significativamente durante épocas de frio e chuva. Para driblar a dificuldade, a proprietária criou um cardápio de inverno.
“As vendas caem 90%. O desafio é tirar o campo-grandense de casa. Esses dias que está sol fica melhor porque o trânsito na rua aumenta. Mas com toda certeza nosso segmento é desafiador. Junto com isso, como todo ano inverno chega, a gente tem cardápio de inverno, e aí trabalha com bebidas quentes”.
Lado que lucra - Paulo Pinheiro, presidente da APPLIC-MS (Associação dos Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motoristas Autônomos do Mato Grosso do Sul), disse à reportagem que sempre há aumento da procura pelos carros de aplicativo durante o período frio. Conforme ele, o percentual cresceu em 20%.
“O aumento veio por conta da temperatura, é normal. Acontece todo ano, tem um aumento significativo, teve por conta das festas juninas também. Quem tem moto não gosta nem de chuva nem de frio e o pessoal prefere ir de carro de aplicativo”.
Já nas lojas de eletrodomésticos, a procura por aquecedores pode ser a responsável por aumentar as vendas. Nas Casas Bahia, Magazine Luíza e Gazin, não há estoque dos aparelhos. A justificativa é de que não são rentáveis durante todo o resto do ano. Portanto, quem pretende adquirir um deve fazer a compra nos sites das lojas.
Rodolfo Costa, gerente da Gazin, revelou que a loja já fez o pedido para a central e os itens devem chegar na próxima segunda (26). Os pedidos começaram a aumentar no início da semana, quando o frio se intensificou. “Vamos ver como vai ser a saída, a expectativa é de R$ 15 mil em vendas. Só hoje, três pessoas perguntaram”.
Um dos interessados é um empresário que queria comprar quatro unidades. “Nesse caso, ele queria um pouco maior, entre R$ 800 e R$ 1.200”. De acordo com Rodolfo, o preço dos aquecedores portáteis, menores, saem de R$ 200 a R$ 300. Nas outras duas lojas citadas, os itens também devem chegar na próxima semana.