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Capital

Estudante é agredido com spray de pimenta dentro de boate da Capital

Paula Vitorino | 05/11/2011 18:53

Jovem foi parar no hospital com falta de ar e ardência nos olhos

O estudante Ricardo Grance, de 22 anos, registrou boletim de ocorrência nesta manhã após ser agredido com gás de pimenta pelos seguranças da boate Valley Pub, em Campo Grande.

Segundo depoimento do jovem, ele teve falta de ar, ardência nos olhos e precisou receber medicação antialérgica por causa da reação do spray de pimenta.

“Fiquei praticamente cego na hora e não conseguia respirar. Tive de ser medicado e receber soro no hospital. Meu rosto ficou todo inchado”, conta.

Ricardo afirma que a confusão começou na boate por volta das 4h, quando ele e os amigos estavam na fila para pagar a conta e ir embora.

“As duplas sertanejas já tinham parado de tocar e a fila estava grande, porque todo mundo queria ir embora”, explica.

Ele e os amigos já estavam próximo do caixa quando o tumulto começou no final da fila.

“Começaram a empurrar a gente que estava frente e causar confusão. Tinha algumas meninas com nós e estavam nos pressionando contra a porta de vidro. Segurei um menino atrás de nós e pedi para pararem”, afirma.

Neste momento, os seguranças da boate chegaram para conter o tumulto e, segundo Ricardo, começaram a empurrar algumas pessoas para tentar acabar com a confusão, até que um deles tirou um spray de pimenta e começou a jogar contra os clientes que estavam na fila.

Ele também afirma que ninguém ficou ferido e não houve agressão por parte de nenhum dos envolvidos.

“Eu estava na frente, perto deles, e acho que por isso fui um dos mais afetados. Mas na hora todo mundo começou a tossir, as pessoas falando que não estavam enxergando nada”, diz.

O jovem começou a passar mal e foi retirado pelos amigos, que o levaram direto para o hospital. Ricardo ficou cerca de 2 horas recebendo a medicação e ainda está com o olho inchado, usando colírios e tomando antialérgico.

Logo após, ele foi para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro registrar boletim de ocorrência. O estudante afirma que também irá para mover ação judicial contra a boate por agressão.

“Foi uma atitude totalmente desnecessária dos seguranças. Lá é um lugar legal, bem freqüentado e não precisava disso”, diz.

Ricardo diz que é freqüentador assíduo do estabelecimento e nesta sexta-feira foi até a boate com alguns amigos e o primo, que veio de outra cidade e queria conhecer o local.

Para o estudante, a agressão foi totalmente sem motivo e uma injustiça contra as pessoas que estavam na fila. “Se eu tivesse brigando até poderia ficar quieto, mas ninguém brigou ou deu motivo para a atitude do segurança”, frisa.

Ele ressalta que esta não é o primeiro caso de abuso dos seguranças e também de violência dentro da boate. “Uma pessoa já morreu lá e o uso de spray de pimenta poderia causar outra vítima grave, uma pessoa podia ter morrido por asfixia”, ressalta.

Em março deste ano o segurança Jefferson Bruno Escobar, o Brunão, foi morto em frente a boate após ser agredido pelo cliente, Cristhiano Luna de Almeida, de 23 anos.

A reportagem entrou em contato com a Valley Pub, mas foi informada de que os proprietários não estavam e também não poderiam comentar o assunto hoje.

O delegado Luis Tomaz de Paula Ribeiro informou que não existe normatização que regule o uso de gás de pimenta por agentes de segurança privada. Mas ressaltou que a medida não é adequada para conter tumultos dentro de um ambiente fechado porque pode causar falta de ar.

O fato foi registrado como vias de fato e a Polícia Civil vai apurar a autoria e as circunstâncias da agressão.

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