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Capital

Estudo revela situação crítica da Santa Casa e necessidade de prevenção à traumas

Nadyenka Castro | 29/04/2011 08:26

Professora universitária fez a pesquisa

Leonardo faz fisioterapia três vezes por semana, três horas cada sessão.(Foto: João Garrigó)
Leonardo faz fisioterapia três vezes por semana, três horas cada sessão.(Foto: João Garrigó)

Estudo feito pela fisioterapeuta e professora universitária Jerusa Fava em 91 pacientes da Santa Casa de Campo Grande que tiveram apenas lesão medular revela a situação crítica do hospital e indica que faltam ações de prevenção à traumas na Capital.

Hoje, um dos maiores motivos da superlotação na unidade é justamente os casos de acidentes e traumas.

A pesquisa mostra ainda que esse tipo de lesão prejudica também a economia, pois a maioria das vítimas está em idade produtiva, mas acaba se aposentando por invalidez ou então fica por muito tempo sem trabalhar. A lesão medular afeta o movimento dos braços e/ou das pernas.

O universitário Leonardo Fioverante, 24 anos, é um exemplo do cenário retratado na pesquisa feita pela mestranda com base em dados de prontuários de pacientes internados entre julho de 2007 e julho de 2009.

O jovem foi vítima de um acidente no dia 7 de março de 2009, na rua Calógeras, área central da Capital. O Celta dirigido por ele foi atingido por um outro automóvel e bateu em um poste.

Leonardo estava sozinho no carro e foi socorrido para a Santa Casa. Ele teve lesão medular e desde então ficou sem o movimento das pernas.

Na época do acidente, Leonardo tinha 21 anos e fazia estágio em um escritório de advocacia. “Fiquei um ano sem estudar e sem trabalhar. Ano passado voltei à faculdade”, conta.

De acordo com Jerusa, 40.7% dos 91 pacientes analisados tinham entre 21 e 40 anos; 37 eram vítimas de quedas e 36 de acidentes de trânsito. Foi constatado ainda que a média de internação de pacientes com lesão medular na Santa Casa é maior que a nacional.

“Para lesões medulares a média verificada foi de 15 dias, enquanto a nacional é 10 dias”, diz a professora, que verificou também que a maioria dos pacientes não fazem fisioterapia durante a permanência no hospital.

“Apenas ¼ dos pacientes analisados fizeram fisioterapia. Para o restante não houve prescrição”, afirma Jerusa.

Leonardo, por pouco, não entrou na estatística dos que não tiveram fisioterapia. “Fiquei sete dias internado. Só no último dia fiz fisioterapia”, conta.

Universitário parou faculdade e estágio por um ano. Agora, só estuda. Ele ficou internado 7 dias. (Foto: João Garrigó)
Universitário parou faculdade e estágio por um ano. Agora, só estuda. Ele ficou internado 7 dias. (Foto: João Garrigó)

Sobre o descaso ele acrescenta: “No dia que cheguei fiquei 14 horas no pronto-socorro. Fiquei lá jogado praticamente. Num canto lá. Depois de muita luta dos meus pais que saí de lá”.

O exercício no último dia de internação não impediu que saíssem as feridas causadas pela falta de movimento. “Tinha nos calcanhares e nas costas. Do calcanhar demorou quatro meses para sumir”, revela.

Ele foi uma das muitas pessoas que saíram do hospital com as feridas, segundo Jerusa. No estudo dela foi verificado que metade dos pacientes teve complicações durante a internação. Nestas complicações inclui-se as feridas, infecção urinária e até pneumonia.

Diante da situação verificada através dos números, a professora declara que é “necessário melhorar o atendimento e ações de prevenção à lesão”.

O estudo- A pesquisa foi feita para defesa da tese de mestrado da professora universitária. Segundo ela, o trabalho já foi apresentado à banca examinadora e ainda serão feitos ajustes.

Quando estiver finalizado, uma cópia será entregue aos gestores da Santa Casa.

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