Eventos trocam noite pelo dia e 'se dão bem' com poucas equipes para fiscalizar
Imagens enviadas à redação mostram público bastante próximo, sem máscara e até com narguile
Deu Moda e também deu aglomeração. A festa animada pelos cantores Israel e Rodolffo ontem (12) em Campo Grande, no espaço Terra Nova Eventos, aconteceu durante o dia e respeitou o toque de recolher. Porém, pelas imagens que leitores enviaram ao Campo Grande News, algumas regras foram completamente ignoradas.
O período de pandemia de covid-19 exigiu novos costumes, como distanciamento social e uso obrigatório de máscaras nos ambientes com várias pessoas. Mas nas fotos e vídeos, é possível ver muita gente sem o acessório de biossegurança, e muito próximos.
Em geral, muitos jovens são vistos no local, em volta de mesas. Em algumas delas, há narguilés sendo consumidos pelos participantes, o que também contraria decreto da prefeitura, que determina a não uso coletivo do produto.
A situação evidencia além de falta de cuidados, uma nova postura dos promotores de eventos em Campo Grande: com a restrição de não poder realizar eventos após às 22h, muitos shows estão acontecendo durante o dia mesmo.
"Eu alugo o espaço, o evento não era meu. Mas só libero mediante todos os alvarás. E isso eles tinham. A área tem 33 hectares, três deles para festas. Além disso, só tinham 1 mil pessoas no local, que é aberto, um gramado, não é fechado", comenta o dono do Terra Nova, Carlos Mareco, ao ser questionado sobre a situação.
Ele ainda cita situações que, para ele, são mais perigosas, como viagens em ônibus e aviões. "Nós trabalhamos nessas festas, então fazemos de tudo para minimizar os riscos, pois também temos família e temos que nos cuidar". A reportagem tentou contato com a Santo Show, mas até o fechamento não texto, não obteve êxito.
Tal fala aponta também para uma ineficácia do decreto quanto a limitação de público, já que muitos espaços cumprem a restrição de 40%, mas as pessoas ficam aglomeradas em determinados pedaços desses espaços, ignorando o distanciamento necessário.
Falta fiscalização - Em contato com a assessoria de imprensa da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), foi informado que a Vigilância Sanitária recebeu denúncias sobre o local e uma equipe foi até lá para averiguar a situação.
Contudo, no momento em que foram ao evento, todas as normas estavam sendo respeitadas e não houve nenhuma intervenção, como interdição e outras situações cabíveis. Como não houve mais ligações, a equipe não retornou em outro momento.
Além disso, foi revelado que o efetivo disponível no órgão não é suficiente para atender as demandas que chegam ao órgão, já que o trabalho envolve toda a cidade e estabelecimentos comerciais, como bares, restaurantes, entre outros.
A Guarda Municipal aponta para o mesmo problema. Responsável por ir a vários locais durante o toque de recolher, os fechando, a assessoria do órgão também frisa que, mesmo com 100 agentes por dias nas ruas, não consegue suprir toda a demanda.
Outro problema indicado pela assessoria é que a competência para cuidar dessas situações, com multas e interdições de locais de festa, é da Vigilância Sanitária, deixando a Guarda de mãos atadas em alguns casos.
Denúncias - Ainda assim, é possível que denúncias sejam feitas posteriormente a realização dos eventos, ou durante os mesmos. Elementos comprobatórios, como fotos e vídeos, são salutares para que a denúncia prospera.
As reclamações e notícias de casos assim podem ser feitas à Guarda e à Vigilância pelos telefones 153 e 156. Todas serão analisadas, segundo informou a assessoria de imprensa de ambos os órgãos, podendo resultar em multas posteriormente. Ainda assim, por ora, quase 100% das denúncias se resumem a eventos sociais, e não de entretenimento.