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Capital

Ex-agentes envolvidos em plano de fuga de Beira-Mar são denunciados

Nyelder Rodrigues | 19/04/2016 19:46

Dois ex-agentes penitenciários federais que trabalhavam em Campo Grande foram denunciados à Justiça pelo MPF-MS (Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul). Eles são acusados de corrupção passiva, por oferecerem por cinco anos vantagens ilegais e estarem envolvidos no plano de fuga de Fernandinho Beira-Mar e outros integrantes do Comando Vermelho presos no Presídio Federal.

Humberto Campos e Gustavo Jaeger foram demitidos, respectivamente, em 2 de janeiro de 2013 e 17 de dezembro de 2014, após passarem por investigação interna da penitenciária. Eles mantinham contato ilegal com vários os presos ligados ao Comando Vermelho, facção criminosa que atua nos morros do Rio de Janeiro (RJ), e da milícia carioca Liga da Justiça.

O setor de inteligência do Presídio Federal também descobriu um plano de fuga em massa do local, envolvendo integrantes do Comando Vermelho. Para isso, eles contariam com a colaboração de agentes penitenciários, que forneceriam informações acerca dos procedimentos de segurança e eventuais vulnerabilidades, além de oferecer recursos necessários para a fuga.

Em depoimento, conforme o MPF, Beira-Mar admitiu a existência do plano de fuga e afirmou que o pagamento de agentes penitenciários que aceitassem prestar favores a membros do Comando Vermelho presos em Campo Grande seria feito através de advogados. outro preso que era beneficiado com os favores dos agentes era Marcinho VP, líder da facção.

Movimentações financeiras incompatíveis com o salário dos agentes foram realizadas, Em apenas uma das dez contas bancárias mantidas pelos acusados, descobriu-se depósito, em maio e junho de 2013, de R$ 52.863,92 sem indicação de origem. O período em que eles receberam vantagens vai de 2009 à 2013, segundo a investigação.

Ficha suja - De acordo com o MPF, oito procedimentos administrativos disciplinares foram abertos contra Gustavo, todos aceitos pelo ministro da Justiça, comprovando então os crimes cometidos pelo então agente penitenciário.

Conversa e entrega irregular de objetos à Marcinho VP, além de contato ilegal com Leandrinho Quebra-ossos e Alexandre de Jesus Carlos, conhecido como Choque, ambos da Liga da Justiça, são alguns dos problemas relatados. Ele também teria feito a desconexão de cabos de equipamentos de transmissão e armazenamento de imagens do setor.

Já Humberto Campos é acusado de manter contato indevido com Beira-Mar enquanto o conduzia entre os setores de isolamento e de saúde da Penitenciária Federal de Campo Grande. O processo que trata da situação corre em segredo na 5ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande.

Diante da "ficha suja" dos denunciados, o MPF quer aumentar a pena deles em 1/3 por causa da infração ao dever funcional. A pena prevista para o crime de corrupção passiva vai de 2 a 12 anos de prisão. Se acatado a qualificadora do MPF, a pena pode subir para 16 anos.

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