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Capital

Fake news desespera pais, mas 37 pessoas são monitoradas sem sinais de meningite

Após morte de criança com a doença, responsáveis pediram desinfecção de escola e até fechamento

Por Lucia Morel | 03/10/2024 19:07
Fachada da Escola Municipal Professora Ione Catarina Gianotti Igydio. (Foto: Reprodução Google Maps)
Fachada da Escola Municipal Professora Ione Catarina Gianotti Igydio. (Foto: Reprodução Google Maps)

Notícia falsa que percorreu as redes sociais esta tarde (3) deixou pais desesperados no Jardim Noroeste. Depois da morte da criança de 7 anos que estudava na Escola Municipal Professora Ione Catarina Gianotti Igydio esta semana, boato era de que haviam mais seis crianças internadas com a doença. A informação foi descartada pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) e até por pais em mensagens nos grupos de bate-papo.

Depois que houve a morte, 37 pessoas receberam medicação contra a meningite, a rifampicina, sendo quatro da casa da criança e 33 na escola. A aflição era tanta que houve quem pedisse o fechamento e a desinfecção da escola. Letícia Marçal, mãe de crianças que não estudam no colégio, mas que têm contato com elas, afirmou que era necessário fechar a unidade escolar.

“Nessa época do ano é que todo mundo vem aqui pro bairro entregar doce pras crianças, tem festa pra todo lado e isso que me preocupa. Vai que tem criança com sintomas e pega nas outras. Tinha que desinfetar a escola”, afirma. Morador da região, em vídeo, também reclamava e pedia o fechamento da escola.

O advogado João Wilson de Araújo, a pedido de cliente que é mãe de aluno da Escola Ione Catarina, protocolou uma reclamação na ouvidoria da Semed (Secretaria Municipal de Educação) pedindo “a interdição do local para que seja realizado o procedimento de desinfecção, necessário em casos como esse”. Ele citou inclusive que os responsáveis pediram o fechamento à diretora, mas não foram atendidos.

Ao Campo Grande News, ele disse que atendeu o pedido da cliente porque “ela é mãe e está preocupada” e que pediu a desinfecção para “eliminar qualquer resquício da doença”, mas não soube dizer se essa medida seria efetivamente necessária.

Pelo Guia de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, a profilaxia com medicação, nesses casos, deve ser nas pessoas que tiveram contato direto com a pessoa infectada. “Os casos secundários são raros e, geralmente, ocorrem nas primeiras 48 horas a partir do primeiro caso”, cita a publicação federal.

Além disso, o documento também cita que “o risco de doença entre os contatos próximos é maior durante os primeiros dias após o início da doença, o que requer que a quimioprofilaxia seja administrada o mais rápido possível”.

Sobre o fechamento de escola ou estabelecimentos onde houve a presença de pessoa infectada, outro documento, da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, diz que “não há necessidade de fechar escolas ou creches quando ocorre um caso de meningite entre os alunos, professores ou funcionários da escola, pois o meningococo não sobrevive no ar ou nos objetos”.

Em nota, a Sesau informou que a secretária de saúde do município, Rosana Leite, visitou a escola esta tarde, conversou com a gerente da unidade de saúde do Noroeste, Josiane Abregos e também com a diretora adjunta da escola, Divonete Costa, e “não há informações sobre outras crianças doentes na escola com suspeita de meningite”.

O comunicado ainda reforça que “não faz parte de nenhum protocolo sanitário a desinfecção de locais em casos assim, muito menos a interdição”. Além disso, a secretaria alertou “sobre a responsabilidade sobre notícias falsas que podem gerar pânico na população”. A Sesau “reconhece que as pessoas estejam assustadas devido à gravidade da doença, mas não há motivo para desespero já que se trata de um caso, por enquanto, isolado”.

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