Deputados pedem afastamento de delegada após B.O trocar testemunha por "bandido"
Segundo deputado, irmão de jornalista agredida foi registrar um boletim como informante, mas acabou indiciado
RESUMO
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O deputado estadual Pedro Pedrossian Neto pediu o afastamento da delegada Recelly Albuquerque após críticas ao seu trabalho em casos de violência contra mulheres, incluindo a morte da jornalista Vanessa Ricarte. A nova polêmica envolve a sobrinha do deputado Paulo Corrêa, cujo irmão foi indevidamente indiciado ao tentar ajudar. A defesa da jornalista agredida busca reverter a liberdade provisória do agressor, um músico de 38 anos, que foi solto com tornozeleira eletrônica. O caso, que ganhou destaque após a vítima divulgar um vídeo com o rosto ensanguentado, continua em investigação.
Um mês após a morte da jornalista Vanessa Ricarte, que expôs falhas nos protocolos de atendimento a mulheres vítimas de violência, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) voltou a ser palco de críticas ao sistema de proteção. O deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (PSD) pediu o afastamento da delegada Recelly Maria Albuquerque, da Delegacia da Mulher, após a condução de mais um caso de agressão contra uma jornalista.
Na tribuna, Pedrossian Neto afirmou que a delegada “falhou claramente” no caso de Vanessa e voltou a errar ao indiciar a pessoa errada na nova ocorrência. “Ela não tem sensibilidade, não tem o tratamento apropriado para atender mulheres em situação de vulnerabilidade”, declarou. O parlamentar cobrou uma nova reunião entre os poderes para dar continuidade ao plano de reforma do atendimento às vítimas, que foi discutido após a morte da jornalista.
A mais recente denúncia de violência doméstica envolveu a sobrinha do deputado Paulo Corrêa (PSDB). Segundo ele, o irmão da vítima foi até a Delegacia da Mulher apenas para registrar um boletim de ocorrência como informante, mas acabou indiciado. “Pasmem! A mesma delegada que atendeu o caso da jornalista que morreu. Meu sobrinho foi ajudar a irmã, foi como informante e saiu como indiciado?”, questionou Corrêa. Ele destacou que o nome do rapaz já consta no sistema de gerenciamento operacional da polícia e que, se houver uma ordem de prisão, ele poderá ser detido a qualquer momento.

O mesmo alerta foi feito pelo deputado Pedro Kemp (PT), dizendo que não se pode “queimar” a Casa da Mulher pois isso pode desencorajar as mulheres de registrar a ocorrência. Discorreu sobre importância da educação no combate ao machismo e cobrou as medidas concretas para evitar falhas na rede de proteção.
Sobre este erro inicial no boletim de ocorrência, o deputado Pedro Caravina (PSDB) disse que tomou conhecimento do fato e que pretende tratar do assunto com a diretoria da Polícia Civil. Considerou que excesso de demanda e falta de efetivo acarretam em estresse emocional da categoria. “Hoje quero me solidarizar e dizer que temos que trabalhar para que isso deixe de acontecer”.
A reportagem do Campo Grande News tentou contato com o secretário de Segurança Pública, Carlos Videira, e com o delegado-geral da Polícia Civil, Lupércio Degerone, mas não obteve retorno até o momento.
A defesa da jornalista agredida está recorrendo à Justiça para tentar a prisão preventiva do suspeito, um músico de 38 anos. O crime ocorreu no dia 3 de março, mas só veio a público nesta terça-feira (12), após o investigado ser solto pela Justiça.
O advogado da vítima, Luiz Kevin Barbosa, afirmou que o objetivo principal é reverter a decisão que concedeu liberdade provisória ao agressor. “O principal é tentar reverter essa decisão para que ele responda preso. Caso o desembargador entenda que ele não deve ficar preso, vamos pedir medidas cautelares mais rígidas”, explicou.
O suspeito, que chegou a ser preso em flagrante, conseguiu habeas corpus tanto na Justiça Estadual quanto no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ele foi solto sob a condição de usar tornozeleira eletrônica, manter distância da vítima e comparecer mensalmente à Justiça para justificar suas atividades.
A defesa da vítima também pretende garantir que ela seja ouvida formalmente na Delegacia da Mulher. “Vou levá-la para prestar depoimento e, a partir das informações colhidas, vamos solicitar que ele não possa se aproximar dos familiares dela, incluindo a filha de 8 meses e a enteada de 19 anos”, afirmou Barbosa.
A defesa da jornalista anexou ao processo um laudo psicológico que reforça o histórico de violência no relacionamento. O documento, assinado pela psicóloga Leda Cristina de Souza Nunes, revela que a vítima apresentava sinais de sofrimento emocional desde o início do acompanhamento, em dezembro de 2023.
Segundo o relatório, a paciente relatava episódios recorrentes de humilhação, desprezo e distanciamento afetivo, interpretados como violência psicológica. “Ela tinha grande dificuldade em romper o vínculo, mesmo diante de constantes experiências de sofrimento”, destacou a psicóloga.
A advogada do suspeito, Dayane Lescano de Rezende, informou que não irá se pronunciar sobre o caso. O Campo Grande News também tentou contato com o músico, mas ele não atendeu às ligações.
Denúncia foi feita em vídeo - A agressão veio à tona após a vítima gravar um vídeo com o rosto sangrando, denunciando ter sido espancada pelo namorado. No depoimento à polícia, ela contou que segurava a filha no colo quando começou a ser agredida. O suspeito só teria parado ao perceber a criança nos braços da mãe.
Após o ataque, a jornalista conseguiu se abrigar na casa de uma vizinha e enviou o vídeo para seus irmãos, que a levaram até a delegacia. O agressor foi preso em flagrante pelo irmão da vítima, que é policial civil, com o apoio da Polícia Militar.
A defesa da jornalista reforça que o histórico de agressão e o laudo psicológico são elementos suficientes para justificar a prisão preventiva do músico.
O caso continua em investigação.
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