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Capital

Faltam pediatras na rede pública e consulta depende de sorte e espera

Chloé Pinheiro | 12/09/2016 12:45
UPA Leblon, onde não há expediente pediátrico durante o dia. (Foto: Chloé Pinheiro)
UPA Leblon, onde não há expediente pediátrico durante o dia. (Foto: Chloé Pinheiro)

A reclamação é recorrente: ao levar o filho doente em algumas das UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) de Campo Grande, a mãe ou pai se depara com a notícia de que não há pediatra para atender. A falta de especialistas, entretanto, não é exceção. 

Depois de receber algumas denúncias de leitores, o Campo Grande News visitou na manhã desta segunda (12) duas unidades: UPA Leblon e UPA Vila Almeida. Na primeira, no bairro Jardim Leblon, a fila era grande e os pacientes eram informados que não haveria especialistas na saúde infantil. 

"Cheguei há duas horas e já me avisaram que não tem (pediatra), vai passar com uma enfermeira. Está lotado demais", resumiu Nilza Nascimento Arcanjo, 40 anos, moradora do Jardim São Conrado. 

Nilza aguardava para passar em consulta o neto de dez meses, com febre e tosse desde a noite de ontem. "Minha filha trouxe ontem à noite e ela passou com o pediatra, mas não melhorou, então tive que trazer de novo", continuou.

Grande parte dos que aguardavam atendimento na Vila Almeida aguardavam o pediatra. (Foto: Chloé Pinheiro)
Grande parte dos que aguardavam atendimento na Vila Almeida aguardavam o pediatra. (Foto: Chloé Pinheiro)

Já na UPA Vila Almeida, na região do Santo Amaro, o especialista em questão dava plantão, mas a fila também era grande. "Vim e graças a Deus já atenderam os dois, que foram medicados", comentou uma mulher que não quis se identificar, acompanhada de seus dois filhos.

Ao serem questionados, os funcionários informaram que o médico atenderia até às 13h e não haveria especialistas para atender crianças de tarde, só à noite. 

De noite tinha, de dia não. O cenário, triste, justificado pelo deficit no quadro de especialistas da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública). De fato, nas escalas de plantão, divulgadas pela Sesau no Facebook, é possível ver que em várias UPAs há zero médicos infantis agendados. 

Os motivos para o quadro reduzido são, segundo o órgão, vários. Primeiro, haveriam poucos pediatras disponíveis para contratação e para o expediente diurno porque eles se concentrariam especialmente em clínicas particulares e consultórios próprios durante o dia. Além disso, informou que só durante a gestão de Gilmar Olarte 320 médico pediram demissão e que contratações emergenciais foram feitas. 

Já a lotação foi explicada de duas maneiras: nessa época do ano, aumentam as ocorrências de problemas respiratórios em crianças, que são atingidas mais facilmente pelas mudanças climáticas. Além disso, o atendimento dos pequenos é de 3 a 4 vezes mais demorado do que os adultos. 

Para dar conta de atender os pacientes, o atendimento pediátrico 24 horas é feito em três unidades: Vila Almeida, Universitária e Coronel Antonino. O resto das UPAs da cidade conta com plantonistas generalistas e até mesmo pediatras, de acordo com a escala, que a Sesau divulga no Facebook. 

Mas se a criança está doente e não há condições de se deslocar até uma das três UPAs com atendimento constante, a orientação é ir até a unidade mais próxima de casa mesmo e, na ausência do especialista, uma enfermeira e médico generalista avaliam o caso. Se houver necessidade, a Sesau garante que uma ambulância faz o transporte até o pediatra. 

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