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Capital

Família faz protesto em UPA onde idosa morreu após 5 horas de espera por vaga

Prefeitura abriu sindicância para apurar o que ocorreu

Rosana Siqueira | 15/06/2020 17:18
Grupo levou faixas para frente da UPA Leblon na tarde de hoje. (Foto: Kisie Ainoâ)
Grupo levou faixas para frente da UPA Leblon na tarde de hoje. (Foto: Kisie Ainoâ)

Cerca de 15 pessoas entre familiares e amigos fizeram protesto na tarde de hoje, após a morte de Maria do Carmo de Souza Oliveira, de 71 anos, que faleceu na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Leblon. Nesta segunda-feira, em frente da unidade de saúde, a manifestação pediu justiça, alegando negligência no atendimento a idosa.

Ela morreu na última terça-feira (9) após passar mais de 5 horas à espera de uma vaga em hospital em Campo Grande. A família registrou boletim de ocorrência sobre o caso.

Portando faixas com fotos de Maria do Carmo e  frases questionando o atendimento como “Cadê as vagas”, e “UPA da Morte”, entre outras, os manifestantes pediam uma posição oficial da Prefeitura sobre o assunto e acusam o médico da unidade de negligência.

De acordo com o filho de Maria do Carmo, o auxiliar de enfermagem Evandro de Souza Oliveira, de 47 anos, a mãe deu entrada por volta das 8h20 e, a partir desse momento, começou o desespero da família. Ela foi socorrida pelo Samu com dores no peito e falta de ar e levada a UPA, onde chegou a ser medicada, mas não resistiu.  Para a família este é um caso de omissão de socorro.

"Colocaram ela em uma maca, sem colchão. Ela estava agonizando e as assistentes sociais não deixaram a gente ver como ela estava", lembra. Os filhos permaneceram ali, na recepção, sem respostas sobre o caso.

Como profissional da saúde, Evandro reconheceu a gravidade do caso. “E

Família acusa negligência no caso de Maria do Carmo, que faleceu dia 9 na UPA Leblon (Foto: Kisie Ainoâ)
Família acusa negligência no caso de Maria do Carmo, que faleceu dia 9 na UPA Leblon (Foto: Kisie Ainoâ)

la estava infartando e ali não tinha nenhum suporte para isso. Ela tinha que ter passado por eletrocardiograma de urgência, ter sido atendida por especialista. Era a única chance dela. Talvez morresse no hospital, mas nas mãos de um especialista”, declarou.

Evandro lembra de ter solicitado informações várias vezes e também dos pedidos feitos para ver a mãe. Após muito tempo, ele conta que um médico saiu para falar com ele.

 “Eu falei sobre a demora na transferência. Que poderia piorar a situação dela e o médico respondeu que sim, mas que ele não poderia fazer nada”. O auxiliar de enfermagem voltou para a casa enquanto a irmã continuou no posto e ligou para a ouvidoria da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) e relatou o caso. Eles responderam que tentariam resolver o mais rápido possível, mas não deu tempo.

Por volta das 14h, Evandro recebeu uma ligação do posto informando que o quadro da mãe dele havia piorado. Em seguida a irmã telefonou e ele entendeu. “Fala a verdade, ela morreu, né?”, questionou.

Protesto chama unidade de saúde de Upa da Morte. (Foto: Kisie Ainoâ)
Protesto chama unidade de saúde de Upa da Morte. (Foto: Kisie Ainoâ)

Revolta - A filha Edvânia de Souza 41 anos, professora, acompanhou a mãe na ambulância. “Tivemos informações que haviam leitos, mas o médico não liberou ela. Queremos que não aconteçam novos casos. Será mais uma mais uma mãe que vai ter que pagar? Hoje eu não tenho mais a minha”, lamenta ela.

Evandro também lembrou que a mãe falava: “Me leva para hospital e ai eu explicava que tinha que aguardar. Ai ela falava: Então me leva pelo braço”.

Para a família, só a apuração da morte pode amenizar a dor da perda.  “Minha mãe tinha mais de 70 anos ela deveria ter um acompanhante. Mas falaram isso. Queremos agora com esta ação que o caso seja investigado e responsáveis sejam punidos”, finalizou.

 Outro lado - A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informou hoje que instaurou processo de sindicância para apurar se houve negligência no atendimento da idosa que faleceu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória.

Segundo a Sesau, ao dar entrada na unidade, por volta de 8h20 do dia 09 de junho, ela foi prontamente atendida, realizou os exames necessários e foi medicada. A paciente permaneceu estável com pressão arterial controlada, sendo monitorada pela equipe da unidade.

Em razão da necessidade de exames complementares e atendimento especializado, foi solicitada a transferência para uma unidade hospitalar, porém, não houve sinalização de disponibilidade de leitos por parte dos hospitais.

Por volta de 14h, o quadro da paciente evolui e pouco depois ela veio a óbito em razão de uma parada cardiorrespiratória. A Sesau reforça que a paciente recebeu toda a assistência possível na unidade e se solidariza com a perda da família.

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