Famílias invadem área da prefeitura e constroem nova favela na Capital
Um grupo de 25 famílias cansou de esperar pela casa própria e invadiu um terreno, na manhã desta segunda-feira (17), às margens da Avenida Thyrson de Almeida, prolongamento da Avenida Ernesto Geisel, no Bairro Guanandi 2, em Campo Grande. O terreno foi limpo pelos sem-teto, que estão começando a construir os barracos.
O pedreiro Yuri Gagner, 34 anos, é o líder do grupo e conta que mora de favor há seis anos no Bairro Aero Rancho. Pai de oito filhos, ele disse que precisa da casa própria.
"Quando nasceu o meu quarto filho eu fiz a inscrição na EMHA (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande), mas nunca fui sorteado. Resolvemos nos unir porque todas as famílias aqui moram de favor não tem para onde ir" explicou Yuri. Ele contou que escolheram a área porque não é de preservação ambiental e não há projetos para construção ali.
O grupo chegou nesta manhã para limpar o terreno e pretende subir as casas ainda hoje. O grupo se dividiu enquanto um foi em busca de madeira e telhas, o outro limpou o terreno.
A dona de casa Kely Oliveira, 22, disse que ela e mais duas irmãs fazem parte da invasão. Elas não querem que a invasão termine em caso de policia, porque o que pedem é um terreno para morarem e pagarem seus impostos corretamente.
"A policia já veio aqui e disse que se construirmos nossos barracos, eles terão que usar da força para nos tirar" disse Kely.
Elianir Luciana, 35, relatou que está há mais de seis anos na fila de espera e que tem uma amiga que em menos de 5 meses de inscrição conseguiu a casa. "O que revolta é que quem tem padrinho ou conhecido na secretaria consegue as casas, mas nós, que não conhecemos ninguém, somos esquecidos" lamentou Elianir.
Eles contaram que representante da Emha esteve no local nesta manhã pedindo que desocupem a área e que se insistirem vão perder o direito de concorrer as casas.
O Campo Grande News conversou com o diretor-presidente da Emha, Enéas José de Carvalho Netto, que confirmou a ida de um funcionário no local e que as famílias, caso insistam permanecer na área da prefeitura, estarão inabilitadas de concorrer a uma moradia pela secretaria.
"Hoje a prefeitura não tem como atender e não terei tolerância com este tipo de invasores que querem na ganhar na força. Caso construam no local a guarda municipal já foi autorizada para tira-los dali" afirmou o secretário.