Favela no Noroeste tem 150 ligações clandestinas de energia cortadas
O abastecimento de energia para eles é feito de forma clandestina e, depois de uma denúncia anônima, a ligação foi interrompida e fios levados
Moradores da favela do "Linhão", no Jardim Noroeste, foram surpreendidos na manhã dessa terça-feira (14) com a chegada de equipes da polícia e da Energisa para o desligamento da energia das casas onde moram. Ao todo, 150 barracos tiveram a energia desligada.
No local, o fornecimento de energia é feito de forma clandestina, mas os moradores reclamam de não conseguirem a ligação regular e de não terem sido avisados sobre o corte. Eles moradores se reuniram na frente das casas para tentar achar saída para o corte da energia. “Meu sogro tem que fazer inalação a cada 3h e hoje ele ainda não fez. Se ele passa mal, não tem quem o leve para o posto”, lamenta Claudenir da Silva, de 40 anos.
A moradora Priscila Dourado, de 26 anos, afirma que eles não podem fazer a ligação correta porque moram em barracos e têm que recorrer à clandestinidade. “Já faz cinco anos que eu moro aqui, nunca vieram desligar, agora disseram que foi uma denúncia anônima”, explica.
“Eles [a equipe] vieram perguntar se colocassem para a gente pagar, se a gente ia. Mas é claro que a gente paga, tudo o que a gente quer é dignidade”, completa a jovem. Ela ainda pontua que, enquanto a equipe estava na comunidade, toda vez que os moradores tentavam falar com os trabalhadores a polícia entrava na frente não permitindo que eles se aproximassem.
Camila Cristaldo tem 29 anos e mora na comunidade há quase nove. Ela tem uma filha de 2 anos e está grávida de 5 meses do segundo e teme pela saúde das crianças com esse corte na energia. “Eu abro a geladeira e vejo pingando nas comidas que estão lá dentro, estragando tudo. E alguém vai pagar essa comida que estragar?”, questiona a jovem.
O que diz a empresa - Em nota, a Energisa informou que a ação foi para combater combate as ligações clandestinas de energia no Jardim Noroeste. Segundo a empresa, foram 30 equipes, com o apoio de cinco viaturas e quatro motos da Polícia Militar.
"O objetivo da ação é garantir a segurança das famílias que vivem no local e proteger a rede de distribuição de energia que abastece os clientes regulares do município", afirma a empresa. Segundo divulgado, a área invadida consumia em média 360 MWh/ano, o que equivale a R$ 162 mil por ano.
De acordo com a Energisa, por se tratar de crime, a fiação foi recolhida pela Polícia Militar como evidência. A empresa acrescenta que o desligamento do fornecimento de serviço de energia não apresenta risco de queima de aparelhos eletrônicos.
De acordo com a Energisa, a concessionária ressalta que atua em todo o estado no combate a furtos de energia, uma obrigação regulatória determinada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). "Além de ser crime e gerar impacto nas tarifas de clientes regulares, as ligações clandestinas oferecem riscos à população já que podem ocasionar acidentes com choques elétricos, curtos-circuitos e incêndios, sobrecarregam e comprometem a confiabilidade da rede de distribuição de energia", diz a nota.
A Energisa cita ainda que a Resolução 414 da ANEEL, as distribuidoras de energia só podem regularizar o fornecimento de energia em áreas invadidas após a regularização dos lotes pelo poder concedente: Governo, Prefeitura Municipal ou Ministério Público.