Filhos de idosa morta em UPA pagarão R$ 10 mil a médico acusado de negligência
Maria do Carmo morreu em junho enquanto aguardava na UPA Leblon
A Justiça Estadual determinou que os filhos de Maria do Carmo de Souza Oliveira, de 71 anos, paguem indenização de R$ 10 mil a um médico do UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Leblon, em Campo Grande. O profissional foi acusado de negligência.
A idosa morreu no dia 9 de junho deste ano esperando mais de cinco horas por atendimento.
Na decisão, a Justiça cita que os filhos de Maria do Carmo, Evandro de Souza e Edivânia de Souza Pazini passaram “a expor em redes sociais fatos relacionando o nome do autor com a expressão ‘assassino’, supondo que o autor teria sido o causador do falecimento de sua mãe com o intuito de sujar a imagem profissional do autor”. Comentários no Facebook classificam o médico como “doutor da morte” e “assassino”.
Evandro, de 47 anos, que é auxiliar de enfermagem, ficou perplexo com a decisão.
Desde a morte, a família criou uma campanha nas redes sociais, com contagem dos dias sem "justiça" pela morte no posto de saúde. Em 9 de dezembro, serão 150 dias.
O filho afirma que socorreu a mãe, mediu a pressão e percebeu que Maria do Carmo estava infartando e chamou o Corpo de Bombeiros. Também garante que ainda pediu que ela fosse levada direto para um hospital, mas ouviu como resposta que a orientação era encaminhá-la para uma UPA. “Levaram ela para a condenação de morte”, reclama.
NA UPA, foram mais de cinco horas de espera e pedidos para que o caso dela fosse requalificado na regulação, principalmente, porque o médico responsável já tinha a descrição do caso, mas aguardava o resultado do eletrocardiograma.
Segundo ele, a mãe infartou às 7h30 e até ás 15h permaneceu "agonizando em cima de uma maca", sem o devido socorro, com fortes dores no tórax. Entre os detalhas que, na avaliação dos parentes demonstra a negligência é que nem os chinelos da paciente, "haviam sido tirados do pé depois de horas deitada na maca"
A família afirma que o médico não atendeu os contatos da regulação. “[O médico] só foi responder uma hora e meia depois do óbito”, reclama Evandro.
Durante os meses em busca de punição para o profissional, os filhos argumentavam ainda que o médico "dificultou a transferência para uma unidade hospitalar onde ela teria ao menos uma chance de sobreviver".
A defesa dos irmãos, o advogado Leandro Gregório, entrou em embargos de declaração afirmando que “não existe alusão de qual dos embargantes teriam feito uso de uma ou de outra expressão, nem quando teria sido a referida postagem”, muito menos em qual documento constaria ditas expressões”.