Flagrados pela PF, ex-diretores do HU e do HR atuam lado a lado em clínica
Além de serem médicos e terem deixado a direção de hospitais após vir à tona denúncias da operação Sangue Frio, realizada pela PF (Polícia Federal) em março, José Carlos Dorsa Vieira Pontes e Ronaldo Perches Queiroz têm outro ponto em comum: ambos atendem na clínica Cardiomed, na rua 7 de Setembro, em Campo Grande.
Na placa com os profissionais e especialidades, a distância entre os dois é de oito nomes. Dorsa é especialista em Cardiologia, enquanto a área de Queiroz é a Pneumologia. Ronaldo Queiroz comandou o HR (Hospital Regional) Rosa Pedrossian de 2009 até ontem, quando também foi dispensado da presidência da Funsau (Fundação Estadual de Serviços de Saúde),
O diretor pediu para ser dispensado do cargo após divulgação de gravações no jornal Bom Dia MS, da TV Morena. Nos áudios, ele aparece em diálogo com Beatriz Dobashi, que foi exonerada ontem do cargo de secretária estadual de Saúde, e com Dorsa.
Fora do HR, ele segue com os atendimentos na clínica, cuja consulta particular custa R$ 250. Na gravação com Dorsa, o tema era reunião no Inca (Instituto Nacional do Câncer).
Ronaldo: Preste muita atenção. Falei de manhã, cedinho, com a doutora Beatriz.
Dorsa: Sim.
Ronaldo: Falou: “vamos combinar de conversar amanhã pelas diretrizes porque a reunião no Inca é deliberativa". Quando eles ofereceram as máquinas de radioterapia, ela pediu, a Bia: Dourados, Corumbá, HU para substituir essa velha, barra Regional, e o Câncer.
Dorsa: Hum.
Ronaldo: O ministério não aceitou esse ofício, agora, de última hora, falou: “Não! Nós [ministério] não vamos dar para o Adalberto Siufi. Não vamos dar para o [Hospital de] Câncer". E publicou os três hospitais de interesse: Santa Casa, HU e Regional.
Dorsa: Alas!
Ontem, por meio de nota, o ex-diretor do HR colocou seu sigilo fiscal, bancário e telefônico à disposição para investigação.
José Carlos Dorsa comandou o HU (Hospital Universitário) Maria Aparecida Pedrossian até maio deste ano, quando foi exonerado a pedido. Em março, quando a PF apreendeu documentos no HU, a Justiça Federal determinou que ele fosse afastado do cargo por 60 dias.
No Hospital Universitário, são investigados fraudes em licitações, corrupção passiva, desvio de dinheiro público e superfaturamento em obras.
O HU entrou na mira do MPF (Ministério Público Federal) depois de recursar equipamentos do governo federal para o setor de radioterapia. O plano previa investimento de R$ 505 milhões em 80 hospitais, cinco deles em Mato Grosso do Sul. No Estado, somente o HU e a Santa Casa de Campo Grande rejeitaram a oferta.
Na Capital, o SUS (Sistema Único de Saúde) oferece radioterapia no Hospital do Câncer Alfredo Abrão e na clínica NeoRad. O hospital era comandando por Adalberto Abrão Siufi, que também é dono da clínica.