Galerias comerciais ocupam Capital, mas tanta oferta faz empreendimento encalhar
Algumas dão até sinais de abandono, sem nem ter placas de aluga-se
As galerias comerciais estão espalhadas por Campo Grande. No entanto, a realidade é que boa parte está "encalhada", sem interessados. Em alguns casos, o espaço até dá sinais de abandono, com o mato quase tomando conta e a pintura começando a descascar.
Segundo o presidente do Sindimóveis/MS (Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul), Roberto Borgonha, geralmente, muitos desses imóveis estão fechados por conta do preço exagerado.
“A localização é em pontos estratégicos, porém os valores acabam sendo mais altos do que deveriam ser de praxe. Os investidores que constroem estes espaços não necessitam necessariamente do retorno imediato e por isso aplicam uma faixa de valor acima da média e aguardam a melhor oportunidade”, explica.
Na visão do presidente da CDL-CG (Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande), Adelaido Vila, quem investiu nesse tipo de empreendimento vai ter de exercitar o sangue frio. Apesar de estarem fechadas, ele confia que o resultado vem a longo prazo, quando o comércio prospectar na região onde está localizado.
O presidente do Secovi-MS (Sindicato de Habitação de Mato Grosso do Sul), Geraldo Paiva, ressaltou que apesar da recuperação no setor, o impacto financeiro da pandemia ainda reflete, o que torna essas ocupações mais lentas.
“Com o surgimento da pandemia, lojas e serviços foram mais impactados pela crise econômica. Estas atividades ainda estão em recuperação, o que reflete nas ocupações que estão lentas, mas em franca recuperação. Está havendo uma mudança com o deslocamento do comércio para novas centralidades”, comenta.
Na visão do proprietário da GS Inteligência Imobiliária, Guilherme Soria, a situação pode acontecer devido a um projeto mal planejado e até por falta de pesquisa de mercado. A empresa é responsável por oito galerias comerciais espalhadas por Campo Grande.
O empresário explica que é preciso levar em conta os concorrentes, o bairro, a rua, posição do empreendimento e os corredores de acesso. A empresa conta com grupos de empresários e comerciantes para acompanhar as novidades.
Soria também alerta para que nunca tenha dois comércios do mesmo ramo em uma só galeria.
“A ideia é que a pessoa consiga fazer várias coisas em um só lugar, vá ao mercado, lotérica, barbearia. Em Campo Grande, existem alguns corredores que são bem mais atrativos. Tem que ser um corredor bastante pujante”, explica.
Cenário - A equipe de reportagem percorreu alguns pontos e encontrou galerias totalmente vazias. Em um dos locais, na Avenida Nelly Martins, uma corrente com placa enferrujada no meio tenta impedir a entrada de pessoas, mas o centro comercial está totalmente abandonado, com mato crescendo. Neste local, nem placa de aluga-se tem.
Em outro estabelecimento, na Rua Manoel Inácio de Souza, a loja 2, com 97,22 m², está disponível para alugar no valor de R$ 6 mil.
Na Rua José Antônio esquina com a 15 de Novembro, tem tanto para venda quanto para aluguel. O espaço conta com 551 m², sendo um piso superior e térreo. O valor para venda é de R$ 1,8 milhão e o aluguel está por R$ 20 mil.