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Capital

Garras quer acesso a celular do ex-comandante da PM flagrado em extorsão

Para delegado, consulta dos dados pode levar até à “elucidação de crimes mais graves”

Aline dos Santos | 22/06/2021 09:18
José Ivan (camisa azul) deixa central de monitoramento elettrônico em 27 de maio. (Foto: Marcos Maluf)
José Ivan (camisa azul) deixa central de monitoramento elettrônico em 27 de maio. (Foto: Marcos Maluf)

Titular do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), o delegado Fábio Peró pediu à Justiça autorização para acessar dados dos celulares  do ex-comandante da PM (Polícia Militar), coronel José Ivan de Almeida, do arquiteto Patrick Samuel Georges Issa (sobrinho do Rei da Fronteira) e do ex-policial civil Reginaldo Freitas Rodrigues.  Os aparelhos já foram apreendidos.

 Os três foram presos em flagrante por extorsão de empresários em 26 de maio e soltos no dia seguinte, durante a audiência de custódia. O coronel e o ex-policial são monitorados por tornozeleiras eletrônicas.

O delegado afirma que o acesso aos dados dos aparelhos celulares é cabal para a identificação de demais coautores e participantes de ações delituosas. “Quiçá, para a elucidação de crimes mais graves”.

O pedido do Garras tem parecer favorável do MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Segundo o promotor Rogério Augusto Calábria de Araújo, a quebra do sigilo de dados telefônicos é indispensável para materialização de provas mais robustas do crime. São investigados os crimes de associação criminosa, extorsão qualificada e posse ilegal de arma de fogo.

A defesa de Reginaldo Freitas Rodrigues pediu reconsideração sobre o monitoramento eletrônico. A promotoria deu parecer contrário, por considerar que a medida já foi bastante abrangente. O processo tramita na 3ª Vara Criminal de Campo Grande.

Serviço de cobrança - Reginaldo e José Ivan de Almeida, que também foi deputado estadual, foram presos no portão da casa de um empresário, no Bairro Amambaí,  em Campo Grande, que denunciou ser vítima de extorsão e que a dupla atuava em nome de Patrick Samuel Georges Issa.

A ação foi acompanhada à distância por policiais. A vítima, um engenheiro de 46 anos, era compelida a entregar a caminhonete que estava na garagem para os “cobradores”.

Na sequência, Patrick Issa foi preso em seu escritório no Bairro Chácara Cachoeira.  Ele é sobrinho de Fahd Jamil, mais conhecido como Rei da Fronteira e preso na operação Omertà.

A ação foi do Garras e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado)

As vítimas, que são sócias em empresa do ramo de hidráulica, relatam que a dívida de R$ 80 mil saltou para R$ 281 mil, além de já terem pagos R$ 150 mil.

De acordo com a defesa do coronel Ivan, o caso segue em fase de inquérito e o acusado não vê problemas no acesso ao celular. O advogado Ronaldo Franco afirma que o ex-comandante autorizou no dia da prisão em flagrante que os policiais fossem ao seu apartamento. Na ocasião, não havia ordem judicial.

A advogada Priscila Camargo, que atua na defesa de Reginaldo, afirma que é um caso com muitas divergências. “Não foi feita ameaça, extorsão. Mas será provada a inocência dele e tudo será esclarecido”. O Campo Grande News não conseguiu contato com a defesa de Patrick Issa.

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