Gastos com medicamentos da Santa Casa subiram 986,9% em 7 anos, aponta CPI
Documentos da Santa Casa, obtidos pelos deputados da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Saúde da Assembleia e apresentados durante a oitiva realizada nesta segunda-feira (15), apontam que os recursos gastos com a compra de medicamentos no hospital saltaram de R$ 46 mil para mais de R$ 500 mil (986,9%) durante a gestão da Junta Interventora, de 2005 a 2012.
Para serem interrogados a respeito desses valores e de outros assuntos, os três integrantes da Junta Interventora, Issam Moussa, Antônio Lastória, atual secretário estadual interino de Saúde, e Nilo Sérgio Laureano, foram interrogados hoje pela CPI.
Para Amarildo Cruz (PT), presidente da Comissão, o aumento de 986,9%, negado peles três depoentes, foi o fato mais contraditório ouvido em oitivas da CPI até o momento. Ele afirmou que não descarta a hipótese de confrontar os depoimentos dos três que fizeram parte da Junta Interventora com os de outras pessoas que já deram seus relatos.
Sobre os valores gastos com a medicação, Nilo argumentou que não tinha conhecimento dos montantes. Ele afirmou à CPI que gostaria de avaliar os documentos obtidos pelos deputados para ter conhecimento da situação. “Quero estudar para descobrir se isso aconteceu mesmo”, falou. Os outros dois ouvidos também negaram o aumento de 986,9%.
“Eu considero isso a maior controvérsia de tudo o que já ouvi até agora. Os valores e os documentos foram controversos. Todas as pessoas ouvidas apresentaram conversas diferentes”, disse Amarildo.
Depois de quatro horas de oitiva, Amarildo bateu na tecla da insatisfação com a reunião e da falta de rendimento nos trabalhos do dia da CPI. Agora, os próximos passos serão os agendamentos de visitas em instituições e hospitais.
“Vamos juntar documentos do período da Junta Interventora, de 2005 a 2012, para posterior avaliação. Essa é nossa função. Temos mais dois meses pela frente para investigar no interior e na Capital”, disse o presidente, que lembrou que a CPI da Assembleia não terá recesso parlamentar.
Dívida – Sobre a dívida total da Santa Casa, estimada em torno de R$ 160 milhões, os depoentes da oitiva afirmaram que o valor real é de R$ 109 milhões, de acordo com auditoria da Autercont, contratada pelo Governo do Estado.
Segundo Issan, quando a Junta Interventora assumiu a Santa Casa, a dívida do hospital girava em torno de R$ 89 milhões. “Nós pagamos R$ 35 milhões”, garantiu. Ele também afirmou que dívida total chegou ao valor de R$ 109 milhões por causa do déficit mensal de R$ 3 milhões/mês.
Satisfeitos – Ao contrário dos deputados, Nilson, Lastória e Issam afirmaram que saíram satisfeitos da oitiva de hoje. Durante o tempo que ficou à frente do maior hospital de Mato Grosso do Sul, Nilo disse que “fez o possível”. “Chegava lá às 5h e saia às 18h. Fiz o que estava ao meu alcance”, ponderou.
Lastória foi breve. Ele disse que fazia de suas palavras as de Nilson. “Conseguimos reinserir a Santa Casa na saúde pública do Estado”, acrescentou. Já Issan disse que se sentiu “impotente”, mas percebeu a satisfação dos usuários do hospital. “Sai com o dever cumprido”, afirmou.