Grávida do 4º filho, presa em operação precisa de dois HCs para deixar cadeia
Larissa Fartare, de 27 anos, já tinha mandado contra si e teve prisão em flagrante convertida em preventiva
Afirmando estar grávida há um mês, Larissa Barbosa Pacheco de Souza Fartare, de 27 anos, precisará de dois habeas corpus para conseguir se livrar da cadeia. É que além de ser alvo de mandado de prisão preventiva (por tempo indeterminado) expedido para a Operação Sintonia, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) contra o PCC (Primeiro Comando da Capital), durante buscas na casa dela, policiais encontraram arma com numeração raspada.
Larissa confirmou ser dona do revólver calibre 32, mas se manteve em silêncio no restante do interrogatório. Na manhã desta terça-feira (19), durante audiência de custódia, a defesa dela chegou a pedir a substituição da prisão em flagrante (pela posse ilegal de arma) por medida cautelares – uso de tornozeleira eletrônica, por exemplo –, mas o juiz Aluízio Pereira dos Santos decidiu manter a investigada na prisão.
O magistrado destacou que Larissa é suspeita de fazer parte do PCC e traficar drogas. Lembrou ainda que ela já foi presa por arma ilegal. “Ressalto, outrossim, que embora haja recomendação do Conselho Nacional de Justiça acerca da máxima excepcionalidade na decretação de novas ordens de prisão preventiva no período de pandemia, verifica-se, in casu, o fato da custodiado já ter outras passagens em crime da mesma natureza, de modo que infiro não ser recomendável a concessão de medidas cautelares mais brandas”.
Ela é mãe de três filhos com menos de 18 anos e relatou estar gestante novamente, mas a situação também não mudou o entendimento do juiz. Para conseguir a soltura de Larissa, a defesa dela precisará conseguir a revogação de duas ordens de prisão preventiva.
Histórico – Em 2020, a investigada já havia sido presa em ação da PF (Polícia Federal), também por posse irregular de arma de fogo. Ela é mulher de Fábio Fartare, traficante condenado e apontado como integrante do PCC com grau de liderança – tanto que já esteve preso sob o Regime Disciplinar Diferenciado (com regras mais rígidas) do Presídio Federal de Campo Grande.
Conforme o auto de prisão em flagrante da época, policiais federais foram até a casa de Larissa, no Jardim Centro Oeste, para cumprir mandado de busca e apreensão da residência e de prisão contra a mãe dela, Marlene Barbosa Silva. Numa edícula, onde a mulher vive com os três filhos, nos fundos da casa da mãe, foi encontrada a arma e ela também acabou presa.
Na época, à PF, ela contou que havia adquirido a arma com um caminhoneiro desconhecido. Ainda durante o depoimento, afirmou que era responsável pelo transporte de correspondências de vários presos, mas negou pertencer à facção criminosa.
“Salário” – Também há dois anos, quando questionada se já havia recebido dinheiro do PCC, ela negou. Segundo a polícia, em uma das contas de mãe e filha, contudo, foram identificados pelo menos dois pagamentos realizados pela facção de R$ 1,5 mil cada.
Ela alegou que ganhava dinheiro como sacoleira, vendendo roupas adquiridas em São Paulo e Goiânia. Para a PF, no entanto, o “salário” para trabalhar no “leva e traz” de mensagens é tabelado e pago de acordo com o desempenho dos beneficiários na estrutura da facção.
Fábio Fartare, também conforme apuração do Campo Grande News em 2020, já havia passado pela Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira, conhecida como Supermáxima e, em 2008, teve de ser removido do IPCG (Instituto Penal de Campo Grande), no Complexo Penal do Noroeste, por envolvimento na organização de rebelião. Larissa já cumpriu pena por tráfico de drogas em 2013.
Operação Sintonia - Quase um mês depois de prender integrantes da “Sintonia dos Gravatas” e desvendar esquema de vazamento de informações sigilosas e troca de mensagens entre líderes do PCC por meio de advogados, o Gaeco deflagrou nova operação que mira a facção criminosa.
A “Sintonia” saiu às ruas para cumprir 67 mandados de prisão e 35 de busca e apreensão, nas cidades de Campo Grande, Dourados, Amambai, Bela Vista, Corguinho, Maracaju, Naviraí, Nova Andradina e Rochedo. O Batalhão de Choque da Polícia Militar e o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especial) também estavam na missão.